sábado, 25 de junho de 2011

Apartheid social

Tempos idos o Gov. Mario Covas criou o "Legal" era um tipo de dinheiro que voce comprava e dava de esmola na rua para os pedintes. Com esse Legal o pedinte podia ir a um local de assistência social, tomar banho, tomar uma refeição, dormir e ir embora quando bem entender. Hoje, pelo que eu saiba, esse programa não existe mais. O dinheiro pago pelo legal era totalmente destinado a instituições assistenciais. Desde então deixei de dar esmolas na rua. Meses atrás viajando de carro com um amigo parei na estrada em um restaurante conhecido para comprar queijo fresco. Lá encontrei uma senhora, com uma criança pela mão, cerca de 10 anos e um bebe no colo. Não demonstrava estar perambulando errante pelas ruas. Dirigindo-se a mim em tom bastante peculiar, quase me intimou a pagar-lhes uma refeição. Não se tratava de um pedido, apelo, súplica de algum necessitado. Soava como uma intimação. Observei o cenário e pronunciei um suave, gentil, porém irretorquível Não! Segundos depois, esse amigo, bastante religioso, caridoso, consternado me argüiu sobre meu gesto, tanto pela negativa, quanto pela serenidade. Expliquei à ele que a atitude da senhora foi por demais corriqueira. Demonstrava ter bastante experiência nesses assuntos, de modo que parecia habituada a ter sucesso em suas abordagens. Todavia, essa atitude poderia ter a capacidade de transformar-se em aprendizagem para as crianças. Uma vez coberta de êxito, poderia traduzir-se em conduta socialmente aceita, tanto quanto atitude bem sucedida e, com isso, produzir mais duas mendicantes habituais, senão, profissionais.
Em prol da erradicação dessas diferenças sociais eu faço, caridosamente, aquilo faço melhor, pensar, e fazer pensar. Escrever, debater, falar o quanto mais e para o maior número de pessoas puder alcançar. Por isso mantenho o blog: http://fraternalismo.blogspot.com/, onde busco debater essas questões por diversos ângulos. Todavia, hoje eu gostaria de indicar uma dessas instituições quando abordado por alguém que necessite, mas confesso não sei onde elas estão. Alguém conhece alguma relação dessas instituições? Tanto para auxiliar quanto para indicar aos que dela necessitem? Esse seria um maravilhoso serviço prestado por todos.
Caso consiga uma relação dessas instituições, me comprometo a criar e manter uma página no Facebook para divulga-las. Não creio que seja o Estado o único responsável por cuidar dos que não conseguiram prosperar dentro do competitivo mundo capitalista. Cada gesto fraternal pode ser bem vindo, mas algo que vise a erradicação desse apartheid social e não um gesto que retroalimente ou mesmo fomente a mendicância.