Pode parecer utópica a idéia de fraternalismo, sobretudo quando entram na mesma freqüência e nos remetem às idéias contidas no livro de Thomas Morus (A utopia), todavia, há de se recordar que o capitalismo anda não se instalou por completo em um dos âmbitos da sociedade capitalista: a família. Já estive em contato com famílias em que um membro, momentaneamente mais abastado, emprestava à outro membro da mesma família, à juros. Certo que dificilmente estes juros teriam os mesmos praticados pelo mercado financeiro, mas, também por certo, cobririam qualquer aplicação no mesmo mercado financeiro, reduzindo o “spread”, sobretudo pelo fato de que o emprestador não visa o dividendo das ações, mas tão somente a cobertura de uma eventual aplicação, mas para que o capitalismo pulsasse vivo e operante no ambiente familiar estaríamos falando de cobrança de “frete” para as idas à feira e ao mercado, cobrança sobre os serviços de lavar a louça, fazer comida, dar banho nas crianças. As mesmas crianças poderiam requerer sua contrapartida ao fazerem a lição. Claro que temos as diaristas que nos aliviam de parte desta rotina doméstica, cobrando por seus préstimos, contudo nas outras ocasiões o trabalho precisa ser feito e não há cobrança! Não há cobranças (financeiras!) para que o filho arrume seu quarto, nem tampouco se cobra que o filho, já formado, restitua com juros o montante do que seus pais gastaram com seus estudos e, contudo, um filho, podendo auxiliar seus pais, assim o faz e, mais foram as vezes em que uma eventual cobrança de juros teve por intuito um “puxão de orelha” no perdulário do que, em última instância o lucro, propriamente dito. O que quero demonstrar é que se, aos moldes da ilha de Thomas, entre os brasileiros pudéssemos implantar o fraternalismo, não estaríamos incorrendo em qualquer heresia.
Tenho recebido algumas objeções quanto a alguns pontos. Ora, vamos levantá-los e tentar oferecer respostas a todos, sobretudo porque o intuito agora é exatamente este o de maturar a idéia.
O primeiro ponto que me levantam é quanto a um eventual desabastecimento, no momento de transição. Claro que se agora posso “pegar” e não pagar um belo vinho para acompanhar minha refeição, ou um belo conhaque espanhol para acompanhar enquanto fumo um belo charuto cubano, oi baiano, podemos acreditar que, num primeiro momento teremos um desabastecimento de conhaques, de charutos, de sucrilhos e de, sobretudo supérfluos, mas isto se deve muito mais ao modelo atual, capitalista, que priva a grande maioria da população deste tipo de produto e não ao novo modelo. Isto é um preço a pagar por esta privação circunstancial. Todavia, não creio que todos, ao experimentar um verdadeiro Chanpagne francês, o prefeririam, ante a uma sidra nacional, de paladar mais adocicado. O que após algum tempo colocaria o amante da boa bebida novamente em contato com esta, regularizando-se, assim, seu abastecimento de forma natural.
Outra objeção comum é que algumas pessoas deixariam de trabalhar, pois não tem mais a necessidade para sobreviver o que poderia acarretar numa falta de ambição e, portanto uma inação generalizada. Quanto a este ponto também creio se tratar, muito mais de uma imperfeição do modelo atual que exige de um trabalhador que se lhe fosse dada a oportunidade de contribuir como músico, tocando seus instrumentos com o maior prazer onde quer que lhe solicitassem, ainda se vê obrigado a engordar fileiras e mais fileiras de engenheiros, advogados, dentistas e por quê não dizer de administradores de empresas, frustrados e incompetentes, pois este “trabalho” lhe rende mais dinheiro do que sua atuação como músico. De quantos poemas a sociedade fica privada, pelo fato de seus poetas terem a maior parte de seu tempo tomada pelo enfadonho trabalho de auxiliar de escritório? O quanto ficamos privados de pensamentos de bons filósofos, pois este não escolhe largar suas funções como analistas de sistemas, pelo fato de que estas remuneram mais e conferem uma melhor qualidade de vida para sua família e boa escola para seus filhos, enquanto que o trabalho de filósofo não seria sequer remunerado? O caso é que no modelo capitalista nós trabalhamos para sobreviver o que nos remete a uma condição muito mais de animal que vive por instintos do que por uma atividade humana propriamente dita. Se nos fosse dada a oportunidade, não por necessidade, mas por escolha livre de fazer qualquer coisa no intuito de contribuir, claro, escolheríamos fazer aquilo que mais nos fosse agradável e fácil. Obviamente sou obrigado a confessar que tenho absoluta fé de que Deus do alto de sua sapiência não concentrou toda uma fartura de engenheiros nos oferecendo uma safra reduzida de médicos, ou de enfermeiros. Aliás este é mais um tributo que teremos de pagar pelos desacertos do capitalismo, pois quando uma profissão tem uma melhor procura no mercado de trabalho, naturalmente seus cursos de formação em faculdades engordam sobremodo, formando fileiras de incompetentes, desempregados ou gerando uma redução nos salários quatro anos depois por conta de uma maior oferta de profissionais diplomados e que não encontram mercado que absorva sua mão de obra sacrificando inclusive o profissional competente que tem seu emprego ameaçado ante a um recém formado que aceitaria trabalhar pela terça parte de sua remuneração.
Hoje em dia temos nas gôndolas dos super-mercados uma grande quantidade de produtos que apelam para as mais diversas e colorias embalagens para cair no gosto do consumidos que acaba sucumbindo, muito mais à embalagem do que para a qualidade de seu produto. A objeção que me foi feita é que no novo modelo perderíamos o colorido das embalagens e teríamos sim um monte de embalagens “marrons” sem vida, que retirariam toda a beleza e colorido, retirando, com isso, grande parte do nosso prazer estético que experimentamos em nossa alimentação. Não compactuo com essa crença, pelo contrário, creio que muitos artistas se ofereceriam a colorir mais e mais o nosso mundo e a enfeitá-lo tornando-o muito mais bonito por um mero senso estético do que através de uma mensagem subliminar, induzir o consumidor a cair em uma arapuca e comprar seu produto e não o do concorrente. Concorrente é a corrida pelo lucro, onde todos correm como sempre ocasionando um vencedor e, claro, um perdedor. Perceba que acredito piamente que as embalagens de sucrilhos ainda teriam seus rótulos coloridos, mas agora o objetivo é diferente. É meramente estético, ou seja, humano, ao passo que no modelo atual é uma disputa feroz para vencer a concorrência e abatê-la. Creio que muitos se arvorariam a fabricar sucrilhos se não temessem o feroz e ardiloso “dumping” da concorrência. Muitos fariam muitas coisas por puro prazer se não temessem a concorrência desleal contra o Golias do capital que se posta frente a seu concorrente disposto a, maquiavelicamente, derrotá-lo ou absorvê-lo, nas hoje em dia comuns fusões do mercado.
Continua...
Tenho recebido algumas objeções quanto a alguns pontos. Ora, vamos levantá-los e tentar oferecer respostas a todos, sobretudo porque o intuito agora é exatamente este o de maturar a idéia.
O primeiro ponto que me levantam é quanto a um eventual desabastecimento, no momento de transição. Claro que se agora posso “pegar” e não pagar um belo vinho para acompanhar minha refeição, ou um belo conhaque espanhol para acompanhar enquanto fumo um belo charuto cubano, oi baiano, podemos acreditar que, num primeiro momento teremos um desabastecimento de conhaques, de charutos, de sucrilhos e de, sobretudo supérfluos, mas isto se deve muito mais ao modelo atual, capitalista, que priva a grande maioria da população deste tipo de produto e não ao novo modelo. Isto é um preço a pagar por esta privação circunstancial. Todavia, não creio que todos, ao experimentar um verdadeiro Chanpagne francês, o prefeririam, ante a uma sidra nacional, de paladar mais adocicado. O que após algum tempo colocaria o amante da boa bebida novamente em contato com esta, regularizando-se, assim, seu abastecimento de forma natural.
Outra objeção comum é que algumas pessoas deixariam de trabalhar, pois não tem mais a necessidade para sobreviver o que poderia acarretar numa falta de ambição e, portanto uma inação generalizada. Quanto a este ponto também creio se tratar, muito mais de uma imperfeição do modelo atual que exige de um trabalhador que se lhe fosse dada a oportunidade de contribuir como músico, tocando seus instrumentos com o maior prazer onde quer que lhe solicitassem, ainda se vê obrigado a engordar fileiras e mais fileiras de engenheiros, advogados, dentistas e por quê não dizer de administradores de empresas, frustrados e incompetentes, pois este “trabalho” lhe rende mais dinheiro do que sua atuação como músico. De quantos poemas a sociedade fica privada, pelo fato de seus poetas terem a maior parte de seu tempo tomada pelo enfadonho trabalho de auxiliar de escritório? O quanto ficamos privados de pensamentos de bons filósofos, pois este não escolhe largar suas funções como analistas de sistemas, pelo fato de que estas remuneram mais e conferem uma melhor qualidade de vida para sua família e boa escola para seus filhos, enquanto que o trabalho de filósofo não seria sequer remunerado? O caso é que no modelo capitalista nós trabalhamos para sobreviver o que nos remete a uma condição muito mais de animal que vive por instintos do que por uma atividade humana propriamente dita. Se nos fosse dada a oportunidade, não por necessidade, mas por escolha livre de fazer qualquer coisa no intuito de contribuir, claro, escolheríamos fazer aquilo que mais nos fosse agradável e fácil. Obviamente sou obrigado a confessar que tenho absoluta fé de que Deus do alto de sua sapiência não concentrou toda uma fartura de engenheiros nos oferecendo uma safra reduzida de médicos, ou de enfermeiros. Aliás este é mais um tributo que teremos de pagar pelos desacertos do capitalismo, pois quando uma profissão tem uma melhor procura no mercado de trabalho, naturalmente seus cursos de formação em faculdades engordam sobremodo, formando fileiras de incompetentes, desempregados ou gerando uma redução nos salários quatro anos depois por conta de uma maior oferta de profissionais diplomados e que não encontram mercado que absorva sua mão de obra sacrificando inclusive o profissional competente que tem seu emprego ameaçado ante a um recém formado que aceitaria trabalhar pela terça parte de sua remuneração.
Hoje em dia temos nas gôndolas dos super-mercados uma grande quantidade de produtos que apelam para as mais diversas e colorias embalagens para cair no gosto do consumidos que acaba sucumbindo, muito mais à embalagem do que para a qualidade de seu produto. A objeção que me foi feita é que no novo modelo perderíamos o colorido das embalagens e teríamos sim um monte de embalagens “marrons” sem vida, que retirariam toda a beleza e colorido, retirando, com isso, grande parte do nosso prazer estético que experimentamos em nossa alimentação. Não compactuo com essa crença, pelo contrário, creio que muitos artistas se ofereceriam a colorir mais e mais o nosso mundo e a enfeitá-lo tornando-o muito mais bonito por um mero senso estético do que através de uma mensagem subliminar, induzir o consumidor a cair em uma arapuca e comprar seu produto e não o do concorrente. Concorrente é a corrida pelo lucro, onde todos correm como sempre ocasionando um vencedor e, claro, um perdedor. Perceba que acredito piamente que as embalagens de sucrilhos ainda teriam seus rótulos coloridos, mas agora o objetivo é diferente. É meramente estético, ou seja, humano, ao passo que no modelo atual é uma disputa feroz para vencer a concorrência e abatê-la. Creio que muitos se arvorariam a fabricar sucrilhos se não temessem o feroz e ardiloso “dumping” da concorrência. Muitos fariam muitas coisas por puro prazer se não temessem a concorrência desleal contra o Golias do capital que se posta frente a seu concorrente disposto a, maquiavelicamente, derrotá-lo ou absorvê-lo, nas hoje em dia comuns fusões do mercado.
Continua...
Nenhum comentário:
Postar um comentário