quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Ecologia e entraves econômicos!

Muitos ainda não tem uma consciência sobre a urgência de uma mudança de atitude em relação à natureza e ao planeta. Quem sabe por acreditarem que esta preocupação com a ecologia e o meio ambiente seja meramente um modismo ou tema de discussão de pessoas que não tem muito o que fazer. O fato é que estas discussões vem ganhando espaço e adeptos. Pessoalmente acredito que o planeta de sinais de fadiga. Fato esse que nos afeta diretamente. Em resposta a poluição do ar que lança cada dia mais fumaça e particulas sólidas em suspensão, a natureza, não como vingança, mas sim como um modo de se restaurar lança chuvas intensas e que atormentam o bom andamente das atividades das metrópoles, gerando congestionamentos e, com isso o lançamento de mais poluentes na atmosfera, provocando um cabo de guerra onde saimos todos como perdedores.

Alguns já promoveram mudanças em sua atividade diária, sobretudo no que tange às práticas de reciclagem ou economia de agua. Cada dia mais é frequente que pessoas encontrem os coloridos cestos de reciclagem em seu caminho e os busquem de modo recorrente para descartar seu material. O próximo passo acreditamos que alguém vai dar conta, ou seja, que alguénm vai recolher este material e oferecer um fim adequado e limpo, livrando a natureza de montanhas de lixo que lerariam séculos para desaparecer. Compramos aquele shampoo biodegradavel, mas somente se após o uso o cabelo ficar bem ajeitado, caso contrário retornamos para o antigo. Ficamos em dúvida sobre o que fazer com o papel da bala! Por fora plástico, por dentro um tipo de alumínio, o que fazer? Onde jogar? E aquele papel alumínio que colocamos em volta da carne pasa assar de modo igual. Este é reciclável?

Reciclagem é realmente importante, contudo, haveria ainda espaço para abandonarmos a idéia do descartável? Hoje parece que com a produção em escala o comercio não mais se regula naturalmente pela oferta e demanda, mas sim pelo paradigma do descartável. A rapidez da vida urbana nos exige que tenhamos sempre ao alcance das mãos alguma comida em porções ideais, em embalagens descartáveis e que toleram o aquecimento em forno de microondas e que produzem para lavar, apos a refeição, quando muito um ou dois pratos e um ou dois jogos de talheres o resto é lixo, na certa.

Além dos alimentos outros tantos tipos de produtos seguem o mesmo modelo, quer isso se trate de sua real durabilidade ou, tão somente, pela moda. Produtos que compramos agora, ou quebram em no máximo um ano, ou caem de moda suplantado por outros com tecnologia mais moderna, design mais avançado, modelos mais elegantes. O durável caiu em desuso. Ninguém aguenta mais olhar para o mesmo sofá por mais de tres anos. O ciclo de vida de uma peça de roupa é curto. Companhias seguradoras sequer fazem seguros de carros com mais de 10 anos. Precisamos de outro! Até imóveis tem um tempo de durabilidade. Se o imóvel que estamos procurando serve bem às nossas necessidade, mas não tem o tal do “terraço gourmet”, não serve e precisa vir abaixo, sob o sério risco de abandono ou pior: desvalorização. E quando em determinados momentos a indústria ou o comercio sofrem com um pontual desabastecimento, não nos espantamos de que um certo ágio seja cobrado para a aquisição do produto em falta.

Grandes metrópoles sofrem sem espaços arborizados, mas como ocupar o espaço urbano? A competição é desleal! O mesmo terreno que poderia ser ocupado por uma porção de inúteis árvores é disputado a preços elevados por especuladores imobiliários que querem muito mais ver neste espaço um condomínio residencial ou um pequeno shopping estrategicamente localizado. Àrvores não geram empregos, não dão lucro, não giram a economia e ainda geram uma sujeira lascada com suas folhas, quando não alguns pequenos frutos que quando caem sobre a pintura perolizada de nossos carros, mancham-na e a cristalização de pintura está custando os olhos da cara!

O fato é que o paradigma do capipital e do lucro promovem uma desacertada inversão de valores e acabamos prescindindo de uma prática correta se ela der prejuizo. Tempos atras ocorreu uma onda de reclamações com a criação de uma tal taxa do lixo. Não fosse esta um claro expediente de engordar os cofres do governo para que este promovesse mais e mais obras de cunho eleitoreiro e seria eu seu mais ferrenho defensor. È preciso dar destino correto para nosso lixo e isso no modelo econômico atual custa dinheiro e olhe que não é pouco.

Muitos de nós conhecem a urgência de uma mudança de atitude, mas quantos estariam verdadeiramente dispostos a ações em prol de um mundo sustentável se para tal tivesse de arcar com sonoros prejuizos ou sacrificios? Quantos de nós estaria realmente disposto a pagar bem mais caro em um carro com motor ecologicamente correto? Quantos de nos estaria disposto a abrir mão do descartavel e ter de lavar mais louças e mais panelas? Quantos iriam encarar o mesmo sofa por mais de três anos sem entrar em desespero? Suportar uma temperatura elevada sem recorrer ao ar refrigerado? Por cálculos que não são meus: “somente o mundo em desenvolvimento precisará de mais de US$ 100 bilhões de dólares por ano até 2030”, para investir em um planeta viável. Ecologia pode custar caro, do ponto de vista econômico, mas sob este mesmo ponto de vista ficaria baratinho, baratinho, ou melhor não precisariamos gastar um centavo a mais do nosso orçamento para inviabilizar a vida no planeta. Resta-nos fazer nossa escolha: persistir em um dilema econômico ou mudar nossa relação com o planeta e abandonar a mediação econômica que temos com ele. Mudar o paradigma econômico por outro, fraternal. Facil é criticar os que derrubam árvores centenárias na Amazõnia, mas que alternativa econômica tem estes pobres coitados senão submeter-se aos mandos de um lobby de consumidores de madeira aliados a pecuaristas sedentos de espaço para o livre trânsito de sua preciosa matéria prima para os churrascos de fim de semana?












http://ultimosegundo.ig.com.br/mundo/2009/08/31/onu+pede+acao+urgente+contra+mudanca+climatica+8191911.html



ONU pede ação urgente contra mudança climática
31/08 - 20:41 - Reuters
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LONGYEARBYEN - O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, pediu na segunda-feira que os líderes mundiais tomem medidas urgentes contra o aquecimento, pelo bem "do futuro da humanidade".
Em visita a Svalbard, arquipélago norueguês no Ártico, Ban disse que essa região pode não ter mais gelo dentro de 30 anos, caso a atual tendência climática persista.Ele tenta promover um acordo acerca de um novo tratado climático global, a ser definido na cúpula de dezembro em Copenhague. O atual tratado, chamado Protocolo de Kyoto, expira em 2012."Gostaria de chamar a atenção do mundo para a ação urgente a ser tomada em Copenhague. Não temos muito tempo a perder", disse Ban a jornalistas, a bordo de um navio da Guarda-Costeira norueguesa.Ban disse esperar que os líderes "concordem com um acordo global que seja abrangente, equitativo e equilibrado para o futuro da humanidade e o futuro do planeta Terra."O objetivo da cúpula de Copenhague é estabelecer limites rígidos para emissões de gases do efeito estufa e um mecanismo para a transferência aos países pobres de tecnologias destinadas a reduzir tais emissões.Ban disse que o gelo do Ártico está desaparecendo a um ritmo mais acelerado do que as geleiras de outras partes do mundo, acabando rapidamente com a camada branca que reflete o calor e evita que as regiões polares absorvam ainda mais calor do sol, o que por sua vez acelera ainda mais o aquecimento."As calotas de gelo polares são o refrigerador do mundo, ajudando-nos a nos manter frescos por refletirem tanto calor", disse à Reuters o ambientalista Lars Haltbrekker, diretor da entidade Friends of the Earth Norway."Alguns cientistas acreditam que já estamos em um ponto de virada, no qual até 2050 a concentração dos gases humanos (do efeito estufa) já presentes na atmosfera irão derreter o gelo do mar Ártico durante o verão."No verão boreal de 2007, a área coberta por gelo no Ártico atingiu o menor nível já registrado. Houve uma ligeira recuperação no ano passado, e neste ano deve ocorrer o terceiro menor nível da história, segundo cientistas.Se o clima permitir, na terça-feira Ban irá visitar um navio de pesquisas que analisa o gelo polar do Ártico ao norte de Svalbard.




Faltam recursos para conter mudança climática, diz texto do G20
04/09 - 12:11 - Redação com agências internacionais
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LONDRES - O mundo precisa "urgente e substancialmente" levantar fundos para combater as mudanças climáticas, disse um esboço de documento preparado para uma reunião de ministros financeiros de todo o mundo, que ocorre em Londres nesta sexta e sábado.
· Participe da luta pelo acordo climático
· Brasil não fugirá da responsabilidade sobre clima, diz Lula
· Ban Ki-moon pede acordo climático rígido e alerta para desastre
· ONU pede que países ricos assumam responsabilidade sobre clima

O grupo do G20 evitou fazer estimativas em dólar, citando em vez disso um estudo do Banco Mundial segundo o qual somente o mundo em desenvolvimento precisará de mais de US$ 100 bilhões de dólares por ano até 2030.
O presidente dos EUA Barack Obama disse em julho que os ministros das Finanças devem apresentar relatórios sobre recursos para o clima na cúpula do G20 marcada para 24 e 25 de setembro em Pittsburgh, suscitando expectativas de avanços esta semana em Londres.
Os recursos para enfrentar as mudanças climáticas se dividem entre os necessários para reduzir as emissões dos gases estufa que alimentam o problema, e, de outro lado, aqueles necessários para preparar o mundo para enfrentar mais secas, enchentes e elevação dos mares. Os dois tipos são conhecidos respectivamente como mitigação e adaptação.
"Existe um grande abismo financeiro entre as necessidades projetadas e as fontes atuais de recursos," disse o documento provisório de 6 páginas ao qual a agência Reuters teve acesso na sexta-feira.
"Os recursos para a mitigação e a adaptação terão que ser aumentados urgente e substancialmente e devem mobilizar recursos para ajudar os países em desenvolvimento a tomar medidas, começando no curto prazo."
O relatório, não datado mas redigido após a cúpula do G8 em julho na Itália, foi mais específico em relação às opções para o setor privado. Isso pode desagradar a alguns países em desenvolvimento e grupos ambientalistas, que querem comprometimentos inequívocos dos governos para ajudar os países em desenvolvimento.
O relatório é favorável, por exemplo, aos mercados de carbono como possível fonte de recursos do setor privado, citando uma estimativa do Tesouro australiano segundo a qual o mundo desenvolvido poderia gastar US$ 80 a US$ 160 bilhões até 2020 com a redução de emissões em países em desenvolvimento, com isso ganhando o direito de poluir em seus próprios países.
A reunião do G20 faz parte de um calendário lotado de encontros que visam impulsionar as negociações da ONU para chegar a um novo tratado climático global em Copenhague em dezembro.
Com relação às finanças públicas, o documento levantou perguntas sobre como a conta climática deve ser dividida, por exemplo se países em desenvolvimento que crescem mais rapidamente também devem pagar, e se os compromissos ao nível de países devem ser decididos segundo critérios de riqueza nacional, emissões de carbono ou outros.
O relatório não mencionou que organismo global deve alocar o dinheiro. O nível de financiamento e sua alocação são questões complicadas nas conversações de Copenhague, em que os países em desenvolvimento pedem mais voz para determinar como são gastas as contribuições dos países ricos.

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

O jogo da vida!

Cada um de nós vive sua vida “normalmente”: trabalhamos, compramos, buscamos novas oportunidades, nos divertimos, fazemos projetos, fazemos promessas, pedimos perdão por alguns excessos (por outros não!), vivemos esporadicamente sucessos e fracassos, dias de derrota e dias de glória. Contudo a maioria evita tanto uma quanto outra. Deixa a glória ou o fracasso para seus símbolos: seus ídolos do futebol, seus ídolos da música, da formula 1. Cabe a estes ousar, ser aguerrido, ser audacioso, fracassar na última curva, no último lance do campeonato, quebrar a corda da guitarra em pleno solo, cometer excessos! Vemos tudo isso, vibramos, criticamos, elogiamos, aplaudimos, vaiamos, mas no dia seguinte voltamos para nossa vida comum, onde não há espaço para a bravura, tampouco para o heroísmo. Não estamos salvando o mundo como ocorre a todo instante com os super-heróis. Os um pouco mais ousados e atrevidos, estudam, se atualizam, os outros vão para o happy hour. Alguns vão para o happy, apenas para fazer networking. Alguns buscam melhores oportunidades, outros preferem reclamar que elas não existem. Contudo estamos sempre jogando um jogo. Aqueles que correm maior risco, que podem chutar a bola para fora na hora “H”, estes ganham mais, muito mais, os outros acreditam que estes não deveriam ganhar tanto. Contudo compram suas camisas, vão vê-los no estádio, compram a camiseta com seu slogan e com isso fazem seus patrocinadores terem o sonhado lucro. Jogamos o jogo! Jogamos sem consciência de que estamos jogando. As regras já foram estabelecidas. Por quem? Voce hora ganha, hora perde, hora vai para o paredão e não se culpa por um ou outro lance que posa macular sua dignidade pois, foi por mera sobrevivência, não que a vida esteja em perigo, mas para a sobrevivência no jogo. Não conseguimos sequer pensar fora dos limites da regra do jogo. Jogamos o jogo! Mas de que jogo estamos falando?
Existe um muro. De um lado ficam os pobres, do outro os ricos. Os ricos empregam, os pobres são empregados, os ricos produzem, os pobres consomem. Uns precisam dos outros para que haja equilíbrio e perdure o jogo, mas como todo jogo, a maioria perde e a minoria ganha! Muitos estão buscando de um modo ou de outro pular para o outro lado do muro e entrar para o rol dos que ganham. Contudo, haveria espaço para que todos conseguissem ir para o outro lado? Não! Ou melhor, dentro desse jogo não! Então estamos, mesmo que de modo inconsciente, agindo no sentido de garantir que “nós” pulemos o muro, mas, sem saber agimos também para que alguém pule para o lado dos pobres de modo a garantir nosso espaço no outro lado, ou no mínimo que outros tantos não consigam como eu também mudar de lado. Quando isso ocorre, o que não é tão comum assim, passamos verdadeiramente para o outro lado. Agimos como ricos, nos vangloriamos de nosso esforço, de nosso empenho e desdenhamos dos que diferente de nós, não se esforçou. Muitos, contudo acreditam que precisariam abrir mão de sua ética e este seria um preço alto para pular o muro e não pulam. Ficam apenas jogando pedras do outro lado, mas continuam jogando, só que agora amargurando o ressentimento. Outros não se importam com isso e se esse for um caminho, tentam e lamentam da sorte, pois mesmo assim não conseguiram. Ainda não foi dessa vez! Avançaram uma casa no jogo e nela estava escrito: Volte duas casas! Jogamos o jogo!
Que alternativa nós temos? Não é possível virar a mesa ou derrubar todas as peças no chão como um mal perdedor o faria num jogo de tabuleiro, isso só é possível no jogo de bricadeirinha, mas só mostra como o jogador age na vida real. Sair do jogo não sei se é muito coerente. Conseguiríamos viver nossa vida sem internet, sem celular, sem casa, sem carro, sem pagar o supermercado? Acho que não dá para sair do jogo e simplesmente ficar criticando os que jogam. Pelo voto, pela guerra, pelo protesto? Xí, já vimos estes filmes e não acabam bem! Que alternativa temos?
Ao nos depararmos com esta pergunta pode parecer familiar enxergarmos à nossa frente uma via mais tortuosa, outra mais aprazível, embora pouco ética, outra mais escura e que nos provoca medo e outras tantas um tanto mais obscuras e enevoadas que poderiam eventualmente ser alternativas, mas prestem atenção: se são caminhos que voce consegue vislumbrar já foram pensados por alguém. Já fazem parte das alternativas da regra do jogo em questão. A idéia aqui é não é propor uma alternativa “A” ou “B”. Pegue em sua mão uma folha de papel em branco e olhe para ela. Alguns podem dizer que não há nada nela. Contudo um artista vê no papel em branco todas as possibilidades de expressão de sua arte. Um escritor não pode escrever em uma folha toda rabiscada com esboços ou por sobre um livro já escrito. Ele precisa de uma folha em branco. Esta é a mágica! Imagine-se perante seu futuro, não apenas diante de uma via ou outra, mas diante de um papel absolutamente em branco. Claro, voce pode optar por preencher este papel com um monte de coisas já conhecidas e elas simplesmente serão meras cópias, mal acabadas, recriações do mesmo jogo. mas voce pode criar algo genuinamente novo. Contudo vai perceber quando tiver uma grande idéia que vai ter de viabilizar esta idéia por dentro do jogo. Vai vencer o jogo, quem sabe, derrubando o muro. Vai utilizar as regras do jogo, mas não com os mesmos propósitos. Vai ter que enxergar por um outro ponto de vista. Vai ter de enxergar para além do jogo. E quando conseguir isso vai ter todas as cartas não mão para vencer o jogo e vai ter de optar entre vencer o jogo ou ser um agente transformador. Alguém que pode entrar para a história como herói, mas pode entrar na história como vilão, caso consiga mudar o jogo, mas caso não consiga o jogo certamente vai fazer voce desaparecer da história. No entanto, sinto muito em te dizer, voce pode achar que eu sou um herói ou um vilão, mas não vai poder nunca mais dizer que não sabe que esta jogando um jogo. Que postura voce terá frente a isso cabe à sua consciência. Coube à minha consciência abrir os olhos para esta verdade. Esta é uma de minhas tarefas, mas não quero estar sozinho neste jogo, mas já estou de mangas arregaçadas para mudar o jogo. Tenho propostas e vou colocar minhas cartas na mesa. Não é importante se vou seguir ou ser seguido. O plano é maior do que meras vaidades. O plano é suplantar um jogo que permeia as relações humanas por intermédio do dinheiro do interesse e da utilidade e estabelecer uma nova relação. Uma relação mediada por um sentimento de fraternidade que nem sei se está maduro o suficiente na humanidade para desabrochar. Mas sei que já o momento de levantar estas questões para que estas possam abalar num primeiro momento, não o jogo, mas o coração dos jogadores para que vejam o jogo e depois possam ver o jogo de modo diferente.

Eu tenho um sonho

Martin Luter King deixou seu nome gravado na história quando diante de um público teve a coragem de dizer: “Eu tenho um sonho...”. Era o sonho de um líder visionário que queria transformar o mundo. Ele morreu... seu sonho não! Muitas vezes a burocracia nos assalta, nos reprime, tolhe a criatividade. Contudo precisamos enxergar que o que fazemos dentro de uma sala de aula repercute para além delas. Se nos sentimos vigiados, podemos com isso tolher nossas iniciativas ou escolher bravamente dizer o que temos dizer. Podemos fazer o que esperam de nós, ou escolher fazer o melhor independente do que, ou quem espera.

Muitos em sua juventude alimentaram o sonho de transformar o mundo. Alguns desses sonhos morreram, alguns desses jovens morreram, alguns envelheceram e com eles seus sonhos. Muitos acreditaram que eram pequenos ante o tamanho do mundo e se apequenaram. Eu acredito que precisamos nos engrandecer!

Somos lapidários! O lapidário não coloca o brilho nos diamantes apenas o faz aparecer. Não temos de “formar” alunos, posto que formar é dar forma ao que não tem ou dar outra forma ao que já tem. Uma forma que acreditamos ser adequada a um ou outro fim. Precisamos apenas revelar o brilho que já existe dentro de cada um. Podemos nos sentir fiscalizados, ou podemos sentir que alguém cuida com o devido zêlo das pedras preciosas que tem em sua mão, confiando seu precioso legado a mãos hábeis!

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Adesão parcial ao modelo!

Talvez seja oportuna a consideração de que possa haver uma adesão parcial ao modelo. Ora, não é necessário que tenha uma adesão total ao modelo fraternal. Pelo contrário! É bem verdade, como já mencionamos anteriormente que no nível familiar isto já se dá. Dentro de nosso lar nossas relações se dão de forma fraternal. Nossas atividades não se pautam pela comercialização de serviços ou de produtos. Todos contribuem com algo para que a casa funcione e, mesmo assim, quase todos os dias saímos para o “trabalho” e interagimos no outro modelo (capitalista). É bem verdade, também que o modelo familiar fraternal necessita do aporte financeiro quetss vem do modelo capitalista para que se abasteça a casa de suas necessidades mais elementares, comida, água, luz etc. Todavia, em pequenas comunidades do interior do Brasil, vemos um modelo cooperativista que se assemelha ao fraternalismo e pode nos responder a algumas perguntas. Temos em algumas comunidades, sobretudo em comunidades que estariam mortas se fosse responsabilidade do capitalismo, modelos de cooperação onde várias pessoas dessa comunidade juntam esforços na produção para o desenvolvimento geral, num certo sentido este modelo é um modelo híbrido entre o comunismo e o capitalismo. A produção é coletiva, os benefícios também, mas o intermédio se dá no capitalismo onde a cooperativa comercializa a produção coletiva e efetua o aporte dos bens necessários à comunidade. No fundo, o capitalismo é exterior à comunidade que se serve dele apenas para manter seu modelo interno. Em verdade o modelo especificado é um cooperativismo. Isto pode perfeitamente ocorrer, no modelo fraternal. Não é nenhuma novidade isto que estamos apresentando, pois já encontramos este modelo na Utopia de Morus. Manter um modelo interno, em nível nacional que prime pelo fraternalismo e no que concerne às relações internacionais, que o intermédio seja efetuado por dentro do capitalismo fazendo um uso prático do mesmo, apenas para a manutenção do modelo interno e aguardando pacientemente que cada qual efetue sua adesão ao seu tempo. Contudo, se o modelo for adotado, tão somente em comunidades, tal qual nos referimos a pouco talvez seja necessário algum grau de cooperativismo, mas perceba que este modelo se assemelha ao que na natureza vemos em algumas relações entre animais e que a zoologia chama de comensalismo, onde ambos participantes da relação comem juntos de modo a que um alimenta o outro e o outro ajuda o primeiro. Esta é a relação, por exemplo, entre o jacaré e o passarinho. Jacaré se alimenta e logo após dorme com a boca aberta. O passarinho entra na boca do jacaré e, ao se alimentar, ajuda o jacaré limpando seus dentes.

Muito bem! O mesmo pode se dar se desenvolvermos novamente em nível cosmopolita o espírito de comunidade que perdemos em algum momento. Dentro da comunidade pode vigorar o modelo fraternal e externo à comunidade teremos a comunidade interagindo no mundo capitalista, contudo buscando sempre uma maior adesão ao modelo para que este fique auto-sustentado e crie independência do capital. Vivemos em um mundo globalizado e intercambiamos produtos por estarmos imersos no único modelo econômico vigente atualmente: o capitalismo, mas isso não significa que precisemos nos tornar reféns do capitalismo. Uma vez que produzimos em grande quantidade, podemos exportar o excedente e ainda manter nossa relação fraternal interna. Desde que tomemos por modelo um modelo de comunidade e uma relação cooperativa o modelo fraternal pode vigorar tranquilamente com ou sem dependência do capital externo.



Continua...

A marca da besta!

"E faz que a todos, pequenos e grandes, ricos e pobres, livres
e servos, lhes seja posto um sinal na sua mão direita, ou
nas suas testas, para que ninguém possa comprar ou
vender, senão aquele que tiver o sinal, ou o nome da
besta, ou o número do seu nome." [Apocalipse 13:16-17].
Muito tem se falado nos últimos tempos, por conta de especulações escatológicas (que diz respeito ao juízo final. Apocalipse da bíblia), do uso da marca da besta na mão direita ou na testa e que só quem tiver esta marca poderá efetuar transações comerciais. Comprar comida, vestuário e as coisas mais básicas. O que estamos propondo aqui não é a utilização de qualquer outro tipo de instrumento de “pagamento”, mas sim uma troca, contribuição graciosa e fraternal entre as pessoas. É a não utilização do dinheiro, nem cartão de crédito, nem de débito, muito menos de qualquer tipo de identificação monetária, mas sim a substituição completa da idéia de monetário. Erradicação de qualquer tipo de intermediação entre o produto da contribuição de um ser humano e o usufruto de qualquer outro produto, produto da contribuição de qualquer outro ser humano, que não seja a mera oferta fraternal. Somos seres humanos e temos a mesma dignidade. Não é necessário mensurar o quanto de esforço (esforço é idéia do capitalismo), um homem teve na elaboração de sua contribuição, trazê-la a um denominador e depois compará-la com o produto de outro homem que também trouxe sua obra ao mesmo denominador comum. Não é isso! É sim, a fraterna oferta graciosa de nossa contribuição espontânea e o uso (e não o abuso) de todos os produtos que nos são necessários, ou até desejosos. Não vivemos, enquanto seres humanos, apenas por necessidade, mas também por puro deleite. O problema que estamos abordando não se trata de uma mudança perante ao tipo de contrapartida será escolhida como intermediação e permuta comercial, mas sim um novo tipo de interação humana! Mudando o foco da atenção desta relação. Hoje nossas relações estão pautadas utilitariamente frente a quanto será rentável determinada relação com outra pessoa. Quer este rentável signifique dinheiro propriamente dito ou algum tipo de benefício posterior do tipo networking ou coisa que o valha. Ora relações assim são pautadas por um interesse posterior à relação, ou seja, sua utilidade. Mude esta relação e teremos uma relação mais humana! Se não for mais útil nossa relação, poderemos escolher relações apenas por elas mesmas sem que tenhamos em vista sua utilidade futura. Isto nos faz olhar as pessoas, as mesmas pessoas que estão à nossa volta de uma forma diferente.
Hoje ainda vivemos como já falamos anteriormente, para o dinheiro, para atender nossas necessidades, embora muitas, nem sequer sejam reais necessidade. De forma interessada em garantir o acesso aos meios que atendam essas necessidades, pautamos nossas relações, em sua maioria, por interesse, pela utilidade que esta possa ter. Retire a necessidade e, magicamente, aflora um outro tipo de relação que prima pela falta de interesse secundário. As relações ou deixam de existir ou existem apenas pelo interesse em sí, sem interesses posteriores. Novamente, ratifiquemos: não se trata de mudar a intermediação comercial por qualquer outra. Não estamos falando de interações comerciais, mas sim de interações humanas! Uma profunda mudança nas relações humanas.
Ok! Sabemos que esta idéia é um tanto quanto radical, mas vejamos seus pontos positivos: é o fim completo da corrupção! Este câncer que se dissemina em todos os campos sociais e não só no político. É uma profunda e benéfica mudança nas relações humanas! É uma completa desoneração de nossas preocupações mais tenazes que nos cobram rugas e cabelos brancos! E a desocupação de nossos pensamentos para que estes tenham a possibilidade de exercitar num uso mais humano, livre e quiçá divino de criar o futuro e não somente o de salvar o futuro de sua malfadada sorte.

E por fim, talvez seja um caminho, um subterfúgio a esta profetizada escravidão sob o jugo da marca da besta. Ora, se só se efetuarão transações comerciais quem tiver a marca da besta na mão ou na testa. Qual nossa alternativa? Como “comprar” as coisas mais básicas, mais necessárias, senão em uma troca fraternal e humana, aliás, muito mais do que humana, fraternal ou seja com ares divinos.

Continua...

Fraternalismo microcósmico!

Pode parecer utópica a idéia de fraternalismo, sobretudo quando entram na mesma freqüência e nos remetem às idéias contidas no livro de Thomas Morus (A utopia), todavia, há de se recordar que o capitalismo anda não se instalou por completo em um dos âmbitos da sociedade capitalista: a família. Já estive em contato com famílias em que um membro, momentaneamente mais abastado, emprestava à outro membro da mesma família, à juros. Certo que dificilmente estes juros teriam os mesmos praticados pelo mercado financeiro, mas, também por certo, cobririam qualquer aplicação no mesmo mercado financeiro, reduzindo o “spread”, sobretudo pelo fato de que o emprestador não visa o dividendo das ações, mas tão somente a cobertura de uma eventual aplicação, mas para que o capitalismo pulsasse vivo e operante no ambiente familiar estaríamos falando de cobrança de “frete” para as idas à feira e ao mercado, cobrança sobre os serviços de lavar a louça, fazer comida, dar banho nas crianças. As mesmas crianças poderiam requerer sua contrapartida ao fazerem a lição. Claro que temos as diaristas que nos aliviam de parte desta rotina doméstica, cobrando por seus préstimos, contudo nas outras ocasiões o trabalho precisa ser feito e não há cobrança! Não há cobranças (financeiras!) para que o filho arrume seu quarto, nem tampouco se cobra que o filho, já formado, restitua com juros o montante do que seus pais gastaram com seus estudos e, contudo, um filho, podendo auxiliar seus pais, assim o faz e, mais foram as vezes em que uma eventual cobrança de juros teve por intuito um “puxão de orelha” no perdulário do que, em última instância o lucro, propriamente dito. O que quero demonstrar é que se, aos moldes da ilha de Thomas, entre os brasileiros pudéssemos implantar o fraternalismo, não estaríamos incorrendo em qualquer heresia.

Tenho recebido algumas objeções quanto a alguns pontos. Ora, vamos levantá-los e tentar oferecer respostas a todos, sobretudo porque o intuito agora é exatamente este o de maturar a idéia.
O primeiro ponto que me levantam é quanto a um eventual desabastecimento, no momento de transição. Claro que se agora posso “pegar” e não pagar um belo vinho para acompanhar minha refeição, ou um belo conhaque espanhol para acompanhar enquanto fumo um belo charuto cubano, oi baiano, podemos acreditar que, num primeiro momento teremos um desabastecimento de conhaques, de charutos, de sucrilhos e de, sobretudo supérfluos, mas isto se deve muito mais ao modelo atual, capitalista, que priva a grande maioria da população deste tipo de produto e não ao novo modelo. Isto é um preço a pagar por esta privação circunstancial. Todavia, não creio que todos, ao experimentar um verdadeiro Chanpagne francês, o prefeririam, ante a uma sidra nacional, de paladar mais adocicado. O que após algum tempo colocaria o amante da boa bebida novamente em contato com esta, regularizando-se, assim, seu abastecimento de forma natural.

Outra objeção comum é que algumas pessoas deixariam de trabalhar, pois não tem mais a necessidade para sobreviver o que poderia acarretar numa falta de ambição e, portanto uma inação generalizada. Quanto a este ponto também creio se tratar, muito mais de uma imperfeição do modelo atual que exige de um trabalhador que se lhe fosse dada a oportunidade de contribuir como músico, tocando seus instrumentos com o maior prazer onde quer que lhe solicitassem, ainda se vê obrigado a engordar fileiras e mais fileiras de engenheiros, advogados, dentistas e por quê não dizer de administradores de empresas, frustrados e incompetentes, pois este “trabalho” lhe rende mais dinheiro do que sua atuação como músico. De quantos poemas a sociedade fica privada, pelo fato de seus poetas terem a maior parte de seu tempo tomada pelo enfadonho trabalho de auxiliar de escritório? O quanto ficamos privados de pensamentos de bons filósofos, pois este não escolhe largar suas funções como analistas de sistemas, pelo fato de que estas remuneram mais e conferem uma melhor qualidade de vida para sua família e boa escola para seus filhos, enquanto que o trabalho de filósofo não seria sequer remunerado? O caso é que no modelo capitalista nós trabalhamos para sobreviver o que nos remete a uma condição muito mais de animal que vive por instintos do que por uma atividade humana propriamente dita. Se nos fosse dada a oportunidade, não por necessidade, mas por escolha livre de fazer qualquer coisa no intuito de contribuir, claro, escolheríamos fazer aquilo que mais nos fosse agradável e fácil. Obviamente sou obrigado a confessar que tenho absoluta fé de que Deus do alto de sua sapiência não concentrou toda uma fartura de engenheiros nos oferecendo uma safra reduzida de médicos, ou de enfermeiros. Aliás este é mais um tributo que teremos de pagar pelos desacertos do capitalismo, pois quando uma profissão tem uma melhor procura no mercado de trabalho, naturalmente seus cursos de formação em faculdades engordam sobremodo, formando fileiras de incompetentes, desempregados ou gerando uma redução nos salários quatro anos depois por conta de uma maior oferta de profissionais diplomados e que não encontram mercado que absorva sua mão de obra sacrificando inclusive o profissional competente que tem seu emprego ameaçado ante a um recém formado que aceitaria trabalhar pela terça parte de sua remuneração.

Hoje em dia temos nas gôndolas dos super-mercados uma grande quantidade de produtos que apelam para as mais diversas e colorias embalagens para cair no gosto do consumidos que acaba sucumbindo, muito mais à embalagem do que para a qualidade de seu produto. A objeção que me foi feita é que no novo modelo perderíamos o colorido das embalagens e teríamos sim um monte de embalagens “marrons” sem vida, que retirariam toda a beleza e colorido, retirando, com isso, grande parte do nosso prazer estético que experimentamos em nossa alimentação. Não compactuo com essa crença, pelo contrário, creio que muitos artistas se ofereceriam a colorir mais e mais o nosso mundo e a enfeitá-lo tornando-o muito mais bonito por um mero senso estético do que através de uma mensagem subliminar, induzir o consumidor a cair em uma arapuca e comprar seu produto e não o do concorrente. Concorrente é a corrida pelo lucro, onde todos correm como sempre ocasionando um vencedor e, claro, um perdedor. Perceba que acredito piamente que as embalagens de sucrilhos ainda teriam seus rótulos coloridos, mas agora o objetivo é diferente. É meramente estético, ou seja, humano, ao passo que no modelo atual é uma disputa feroz para vencer a concorrência e abatê-la. Creio que muitos se arvorariam a fabricar sucrilhos se não temessem o feroz e ardiloso “dumping” da concorrência. Muitos fariam muitas coisas por puro prazer se não temessem a concorrência desleal contra o Golias do capital que se posta frente a seu concorrente disposto a, maquiavelicamente, derrotá-lo ou absorvê-lo, nas hoje em dia comuns fusões do mercado.

Continua...

domingo, 15 de março de 2009

Panorama da crise II

Este texto é continuação de algum anterior
Existe hoje enquanto sistema econômico, somente o capitalismo [Não é admissível dizer de uma China comunista, sobretudo nos dias de hoje, nem referir-se ao moribundo sistema cubano. ], mesmo que em modelos diferentes. Capitalismo selvagem, capitalismo regulado por uma social democracia, mas ainda um capitalismo. Estamos mergulhados em uma crise mundial, que afeta milhões de pessoas, direta ou indiretamente. Claro que não é mais hora de evocar a ressurreição de um anacrônico comunismo, nem tampouco de um socialismo, mas certamente é hora de rever os posicionamentos ante ao capitalismo. Vamos apontar a elevação especulativa desnorteada por qual passou nosso ainda reputado, por falta de alternativa, capitalismo.

Comecemos por Marx e sua denúncia da “Mais-Valia”: Não era bastante para o capital ganhar em escala de produção industrial, nem mesmo somando-se a uma cotidiana margem de lucratividade, sem contar com o repasse de impostos do custo para o preço. A voracidade recaia sobre o trabalhador. O trabalhador, com jornada de cinco a seis horas já seria suficiente para manter cheios os bornais burgueses, mas estes eram obrigados a uma jornada muito maior, numa prática que tinha por vistas: lucro oriundo de todos os cantos possíveis.

Outro é o caso da elevação abstrata do dinheiro. Hoje colocamos a mão nos bolsos e no mais das vezes temos somente alguns poucos trocados, pois, na verdade podemos tudo comprar e nos servir tendo o mágico cartão de crédito ou de débito que, como uma varinha de condão, a nos apresentar toda sorte de produtos, necessários ou não ao nosso consumo. De fato, se um percentual até pequeno quiser sacar a totalidade de seu saldo bancário, não vai haver dinheiro em espécie para repartir entre todos. Aquele objeto concreto, a moeda física ou nota que já tinha certo grau de abstração foi substituído por outro ainda mais abstrato: o saldo bancário. O próximo passo, ainda mais abstrato é o crédito. O saldo bancário, mesmo sendo mais abstrato que o dinheiro e ainda mais abstrato que o ouro que historicamente regulou a uma base comum o produto de nosso trabalho reduzindo-o a um mesmo denominador comum e possibilitando certa equação que permutava produções totalmente distintas, ainda é mais real por ter um caráter presente, ao passo que o crédito, conta com o que você ainda vai trabalhar, portanto é futuro. Se você entra em um estabelecimento comercial ou de serviços hoje em dia e passa, em pagamento seu cartão de crédito em quatro parcelinhas, saiba que algumas horas ou dias dos seus próximos quatro meses você terá de trabalhar para poder ficar quites com o sistema financeiro. Hoje ainda temos o expediente de você negociar um deságio nos juros com outra instituição financeira e estas se perenizam com suas burras abarrotadas sem absolutamente nada produzir de construtivo para a sociedade. Em verdade, noto ao longo de minha larga experiência em prestação de serviços para o mercado financeiro que existe uma crise existencial e motivacional que só se aplaca, na medida em que este mercado é um dos que mais remunera sua mão de obra. Contudo, somos amiúde assaltados por uma sensação de inutilidade, como que se todo nosso esforço não tivesse o menor sentido. Não soma nada, não constrói nada, não cria nada, não contribui em nada. Pelo contrário, nos destrói, quando nos obriga a duelar com um enorme Golias que nos telefona cobrando nossos débitos.

Ações em bolsa, não entendo bem disso, mas acho que é como que nos tornarmos sócios de uma empresa sem ter efetuar alguma ação produtiva para tal, em tese alguém age por mim que compro a ação deste que nem sei quem é, ou seja, ofereço um valor que compra a ação, enquanto o trabalho é de outra pessoa. Só que o valor desta ação aumenta e diminui sem que, necessariamente um evento concreto ocorra, mas apenas por uma mera especulação. Apenas por esta especulação poucos ganham muito e mitos podem perder pouco ou muito.

Vamos analisar outro aspecto: o consumo também esta trocando os pés pelas mãos. Veja por você: Seus gastos nos últimos meses foram, percentualmente em sua maioria, de produtos de real necessidade ou de coisas supérfluas? OK! Vamos repensar o que é necessidade. Celular, computador, conta de provedor de internet, TV por assinatura, pizza nos finais de semana, gasolina e o som do carro, não são de fato de real necessidade ou são?
Bem, o problema é que: se acontece algum problema e ficamos sem ter como honrar nossos gastos com esses supérfluos também ficamos alijados do realmente necessário. Não teremos como honrar a prestação da casa, o condomínio e o mercado. Preço muito alto a pagar apenas por um supérfluo. Não é nenhuma crítica ao consumo de supérfluos, mas apenas a análise do seu real preço.

O problema real que eu vejo é a profunda concentração de riqueza na mão de poucos que estão caindo na cilada da especulação e ai, de fato nos referimos à crise mundial, e nos acostumamos a ser reféns destes. Profetizando: chegará o dia em que a cobra vai morder o próprio rabo! Quando muitos não terão como honrar seus compromissos e ficarão privados do realmente necessário. Isto já é tema nos USA. Centenas de famílias que moravam bem em boas casas hipotecadas, por não honrar seus compromissos estão agora formando colônias, verdadeiras cidades, onde sua moradia é uma barraca de camping! E pasmem! Estas casas estão retornando para seus “donos” no mercado financeiro que não tem para quem vendê-las! Ou seja estão com o mico na mão! De um lado pessoas precisando de moradia, com capacidade de executar as mais diversas tarefas para um mundo produtivo. De outro, empresas em recessão e bancos com uma porção de imóveis sem ter o que fazer com eles!

Triste criador dominado pela sua criatura!

Tudo bem! Você pode estar pensando: - mas você só faz criticar e sugestão nenhuma? O que pode ser uma solução?

Ora parece que o problema é o dinheiro, ou melhor, o que fizemos dele. A postura que adotamos perante a ele. Hoje a grande maioria trabalha para o dinheiro e não o contrário, o dinheiro trabalhar para ela. Vamos então fazer uma especulação, mas não de ordem financeira:

Vamos admitir que possamos abolir o dinheiro. Isto mesmo: “No Money!” Não todo mundo ficar sem dinheiro o que é bem diferente, mas vamos abolir o dinheiro! Num primeiro momento podemos conjeturar algumas coisas: bancos vão fechar, muita gente vai ficar sem trabalho, mas a perspectiva não é problemática. Pois se abolimos o dinheiro não vamos mais precisar dele. E como compro as coisas no supermercado, pago as contas de luz, de água... calma lá! Abolimos o dinheiro! Ora, vamos admitir que possamos ir a uma loja e pegar o que precisamos! Não o dono da loja não vai ficar chateado, pois ele também vai à locadora de DVD e não vai pegar 25 DVD´s pois não terá como assistir a todos. Ele, como costuma fazer frequentemente, vai alugar, ops! Pegar uns três ou quatro para o fim de semana, ou seja, o suficiente para seu uso digno. Supérfluo, sim! E assim acontecendo com todo mundo. O que você precisa é simplesmente ir aos mesmos lugares que está acostumado e agora pegar o que precisa. Ora, você pode admitir: - mas e este povo todo que ficou sem trabalho só vai usufruir sem contribuir? Possivelmente a coisa vai demorar um pouco para se assentar até que o conceito vingue, mas somos seres adaptáveis. Imagine que você não precisa mais trabalhar para sobreviver, pois isto está garantido, na medida em que você pode pegar tudo do que necessita. Você poderá até ficar algum tempo sem fazer absolutamente nada e engordar alguns quilinhos, o que não é nenhum problema a mais pois o que vemos neste tempo de capitalismo não é nada mais do que isso. Será que, em sã consciência, você iria vagabundear para sempre. Não! Não considere o que o outro vai fazer, mas o que você vai fazer, ou você vai num determinado momento escolher algo que você seja realmente capaz de fazer de modo a contribuir para o movimento do novo processo (sem nome). Aquele que entrega a mercadoria, vai continuar entregando a mercadoria, abastecendo seu caminhão no mesmo posto de gasolina. Comendo nos mesmo restaurantes, ou até em outros melhores vez por outra. Nós vamos continuar a fazer diáriamente tudo o que normalmente estamos habituados a fazer, não é preciso que nada mude. Apenas a interação entre o intercâmbio dos produtos não mais será mediada pelo dinheiro.
Continua...

Panorama da crise I

O momento é de reflexão! Ora estamos mergulhados em uma crise internacional. É possível que você ainda não tenha sentido na pele os efeitos desta crise, mas qualquer que seja o caso, não podemos fazer vista grossa para este fato. Certo que o governo brasileiro tem tentado esforços no intuito de minimizar seus efeitos ou de maquiá-los. Contudo estamos em época de globalização, o que significa dizer que nosso mercado de trabalho esta entremeado de empresas multinacionais com sede em outros países onde a crise é ainda mais séria e neste contexto o efeito cascata é inevitável. Traçando uma pequena história dos últimos anos, a oferta de crédito em nosso país foi bastante expressiva, para compra de bens de consumo, bens móveis e imóveis. Podemos até postergar o pagamento da passagem do ônibus que você vai tomar agora para daqui a quarenta dias! O que estou dizendo é que, somente alguns poucos privilegiados não têm comprometidos várias de suas horas de trabalho dos próximos meses, ou anos, para pagar um tipo qualquer de financiamento. Isto não seria problema se nós estivéssemos com uma farta oferta de trabalho, contudo isto não é assim totalmente verdadeiro. Salvo alguns outros privilegiados que dispõe de um amplo mercado de trabalho o risco de cessar nossa entrada mensal é bastante grande e aí começa o drama psicológico. Nossa roda continua girando. A despeito de não ter aonde ir na próxima segunda feira suas contas de consumo e seus boletos dos mais variados credores sabem direitinho o caminho de sua caixa de correio ou quiçá seu endereço de e-mail. Sabemos o quanto é aterrorizante para muitos receber ligações de cobrança em seu aparelho celular e não ter como efetuar ligações com o mesmo, pois o serviço foi cortado. Aliás, é curioso notar como as mensagens gravadas que nos oferecem novos serviços tem voz suave e agradável. O mesmo não se pode dizer quanto àquela voz terrificante que nos diz que nossa conta está sem pagamento. Nossos credores querem a todo custo que saldemos nossos débitos e usam de todos os tipos de meios para atingir seu objetivo, mesmo que para isso tenham de submeter seu devedor a toda sorte de açoites psicológicos. Não é de longe algum tipo de apologia à insubordinação, desobediência civil nem tão pouco uma defesa do calote. Mas essas relações estão trocando os pés pelas mãos e esta nem parece uma frase metafórica, na medida em que nos obrigam a trocar as mãos que trabalham pelos pés que correm para fugir dos credores. Ora, falando sinceramente: sabemos o quanto se sente indigno aquele que fica alijado de conseguir seu pão pelo seu próprio esforço pessoal, mas de onde vem que minha dignidade está depositada em um saldo credor? Que me recorde somente foram feitos depósitos de dinheiro ou cheques em nossa conta corrente. Nunca depositei ou vi alguém depositar sua dignidade na boca do caixa ou em algum caixa eletrônico, muito menos pela internet. É preciso que seja dito que a dignidade humana não vem, em absoluto de suas posses, mas tão somente pela sua condição de ser humano. É certo que muitas vezes somos assaltados por comportamentos regados com alguns vestígios de animalidade no trânsito, nos trens do metrô em hora de pico. Acabamos em alguns momentos ao sair de casa pegando a carteira, a chave, o celular e esquecendo nossa dignidade humana na gaveta! Mas isso não é justificativa para sermos tratados como uma manada! Ficar à mercê do chicote do capataz para entrar pela estreita porta curral dos que tem seu saldo pintado de azul e “nome limpo”. Ora o meu nome é limpo independente de qualquer outra coisa. O ponto de alerta é: Estamos trocando nossa dignidade humana por uns poucos trocados. Deixamos nos escravizar pelas nossas dívidas. Somos escravos do dinheiro. Nós trabalhamos para ele. Trabalhamos de forma alienada apenas para pagar por coisas que ficaríamos perfeitamente bem sem. Tanto credores quanto devedores. E o dinheiro é que deveria trabalhar para nós. Possibilitando o acesso a facilidades e comodidades. No entanto nos submetemos a tantas severidades apenas para satisfazer um gigante voraz.Triste criador dominado pela sua criatura!

Efeitos da monetarização

Eram-se os tempos em que a economia girava em torno do produtivo! Nos anos de JK, o boom da indústria produziu além de produtos industrializados nacionais, também “novos ricos” nacionais. A economia produziu frutos e estes frutos produziram bens, materiais, econômicos e sociais, embora se estivesse como ainda hoje se está longe de se solucionar os problemas das discrepâncias econômico-sociais. Mais para frente ganhou força o comercio. A indústria produzia e o comercio incumbia-se de escoar a produção até o seu consumidor final. A zona franca de Manaus fincou a bandeira nacional onde era terra de ninguém e atraiu como ainda hoje atrai, por conta dos atrativos fiscais, inúmeras indústrias brasileiras e multinacionais. Nos idos de 1970, aparecem os primeiros Shoppings Centers, deslocando o comercio para outros pontos além dos centros, embora as grandes lojas de departamentos como Mappin, Sears, e Mesbla ainda atraíssem, sobretudo em datas comemorativas, um grande público que entrava de mãos abanando e saia com produtos e os famosos ‘carnês’. A economia seguia o seu ritmo, mesmo apertada pela morsa da inflação.Nos anos 80, com a derrocada do regime militar e a democratização, unidas a patacoadas econômicas de vários tipos a inflação galopa feito um corcel puro sangue, à frente de todos e a ECONOMIA ganha status privilegiado. Aplicações financeiras eram quase que obrigatórias para não permitir que a inflação corroesse a lucratividade. Os estoques minguaram, pois mercadoria na prateleira não rendia juros, nem dividendos, nem correção monetária. Os bancos, oportunamente lançavam produtos que ‘protegiam’ os industriais e comerciantes, contra a corrosão monetária. Over-Nigth, Open-Market, letras de câmbio, os mais diversos subterfúgios para não correr o risco de colocar uma cédula no bolso e vela diminuída ao retirá-la do mesmo. Mesmo os profissionais e as profissões deslocaram seu norte. Os melhores empregos que antes moravam nas indústrias multinacionais, agora, sem caminhão nem nada, passaram a morar nos bancos e quem não experimentou esta mudança pode ter experimentado morar no banco ‘da praça’. As empresas do setor financeiro absorviam mão de obra e serviços aos borbotões, os melhores computadores, as melhores tecnologias deslocavam-se para este setor. A competitividade no setor bancário fazia o homem escravo dos próprios prazos para o lançamento de algum produto ou propaganda. O mercado descobriu a bolsa de valores, o Dólar e a criatividade especulativa foi muito bem remunerados. O empresário, ou administrador que sabia jogar com o mercado financeiro fazia a empresa prosperar, independente de que produto ela produzisse ou comercializasse.Com o fim da inflação algumas empresas tiveram de encarar uma condição mais Real. Muitas fecharam, outras modificaram sua forma de agir, sobretudo após o ‘Código de Defesa do Consumidor’. A maquininha de remarcação de preços caiu em desuso e quase foi extinta sem que os ambientalistas fizessem campanha qualquer.A globalização e as mega-fusões vieram bagunçar mais o nosso sofrido mercado. Profissionais com anos de empresa, com um nome a zelar foram, num passe de mágica, transformados em um número a mais após uma ou outra grande fusão. Conglomerados financeiros prosperaram e hoje absorvem um grande percentual do mercado de trabalho.Bancos, cartões de crédito, seguros, financeiras emprestando dinheiro a qualquer um que possa ser seduzido a um empréstimo, seguradoras, consórcios, previdência privada, ufa!O mercado gira entorno do dinheiro, pelo dinheiro, para o dinheiro e por mais dinheiro.Até o próprio setor produtivo se rendeu ao dinheiro! Suprido o mercado ele inventa uma nova demanda, uma nova moda para que o consumo possa gerar mais e mais dinheiro. Quando o consumidor não precisa comprar mais nada, nós fazemos ele precisar de alguma coisa. A propaganda é fera nisso! Costumo dizer que muito melhor do que um psicólogo, um profissional de propaganda conhece a subjetividade do ser humano e sabe jogar com ela para lá e para cá.O problema é que estes fenômenos acabaram por colocar a carroça na frente dos burros!O dinheiro que originalmente era um ‘meio’ para se conseguir ‘algo’, tornou-se ‘fim’, em-sí. Perdemos a noção do ‘algo’ diferente do próprio dinheiro. Compramos sem a menor necessidade.Quando era criança eu ia para o fundo do quintal de casa, colocava uma bacia destas de roupa virada com a boca para baixo, deixava uma abertura com um gravetinho qualquer e nele amarrava um barbante e me escondia, colocava grãos de milho embaixo do que chamávamos de ‘arapuca’ e quando as pombinhas seduzidas pela boca livre, apos a passagem do período de espanto entravam embaixo da arapuca então! Bingo! Eram capturadas. Depois eu as soltava. Hoje em dia as lojas de shopping nos fazem a mesma coisa. Armam arapucas que o consumidor rodeia, rodeia, mas acaba caindo e com a maior facilidade a financeira, que já está no lugar oportuno, puxa o barbante.O mundo das grandes corporações também é afetado por inúmeros efeitos colaterais destes fenômenos. Os profissionais trabalham sem a devida motivação, pois não vêem nada de nobre no que fazem. A finalidade do seu esforço volta-se tão somente para o dinheiro e pelo dinheiro que nem é para eles. Falta um propósito, um sentido de direção e de fim que realmente valha a pena. Ele é incentivado a desempenhar mais e mais e sua recompensa também é o dinheiro, mesmo que este seja bem menos. Então ele busca um sentido para ele mesmo. O consumo! Que retro-alimenta o sistema de forma alienante.A proposta não é dar um ou mais passos para trás, mas questionar o sentido de tudo isso. É deliberadamente reorganizar nossa cadeia de valores de modo a que nossos objetivos, pelo menos pessoais, ganhem um quê a mais de reputação. Que nós tenhamos uma resposta convincente para a pergunta: Para que eu acordei esta manhã?