Geladeira, fogão, ferro elétrico, máquina de lavar roupa, celular... Todas essas coisas são classificadas dentro
da economia como “bens duráveis”. Contudo, ultimamente eles não andam durando
muito! Por mais que estejamos satisfeitos com nosso moderno aparelho de
celular, ao cabo de pouco mais de um ano, se tanto, ele dará seus evidentes sinais
de esgotamento. A bateria já não segura carga e o aparelho desliga no meio da
ligação, ou então sua carenagem já apresenta riscos que o enfeiam, ou somente
porque ele não está mais na moda. Claro, poderíamos adquirir outra bateria,
trocar a carenagem, mas muitos sabem que para efetuar tais reparos ficaria
“quase” o mesmo preço de um aparelho novo e mais moderno. Então trocamos. O
mesmo vem se dando com outros tantos bens duráveis. As peças do motor ou do
mecanismo de funcionamento de geladeiras e máquinas de lavar roupa, após seu
desgaste natural (ou proposital!), precisam de reposição. Em muitos casos
somando-se mão de obra e tudo mais, a manutenção fica financeiramente inviável.
Essa é uma guerra entre produção e consumo que não se dá em pé de igualdade. Os
aparelhos são feitos para ter uma duração pequena para podermos voltar a
consumir o produto novo girando a economia. Não fosse apenas o problema de
produzir lixo de lenta decomposição, impossível reutilização e de difícil
reciclagem. O próprio fato de sermos manipulados já é revoltante. Acho que esse
é um ponto central no fraternalismo. Acho que uma nova postura deveria ser a de
recuperar a todo custo nossos bens duráveis. Consertar, consertar até realmente
não dar mais, mas, sobretudo, mapear as empresas fabricantes para que elas
mesmas durem tanto quanto seus produtos. Uma empresa que fabrica bens que não
duram, também não deveria durar! Esse seria um grande “selo verde” de
consumidores conscientes. Claro, que precisaríamos mudar também nossa postura.
Falamos em reciclagem e até jogamos nossas garrafinhas e latinhas no lixo
reciclável, mas não reutilizamos. Uma mesma garrafinha pode ser usada por
bastante tempo, mas logo vai para a reciclagem sem antes ser reutilizada para
outros fins.
Não se trata de refrear os avanços tecnológicos, mas de ter um consumo
consciente. A maioria das pessoas que tem notebooks ou celulares sequer
utilizam 30% do potencial que a tecnologia oferece. Se a tecnologia é
interessante e nos proporcionará um benefício compensador. Tudo bem! O que não
podemos é ficar refém de uma compulsão pelo consumo. Ficar passivos ante a uma
descarada manipulação! Claro isso irá exigir que olhemos para nossa televisão
“velha” por mais alguns anos. Que nosso divertimento de explorar o celular novo
fique para mais pra frente, mas pense bem: O aparelho que apenas sai da sua
frente não deixa de ser problema seu. O que é feito desse aparelho? Será que se
rastrearmos suas peças não as encontraremos em algum rio ou em algum lixão por
ai em algum ponto daquela montanha de coisas mal descartadas, poluindo o lençol
freático? Que confiança você tem de que o seu lixo será descartado
ecologicamente? Não temos como garantir isso então que tal refrear nosso ímpeto
de consumo somente a produtos realmente duráveis feitos por empresas também
duráveis?
"Acho que uma nova postura deveria ser a de recuperar a todo custo nossos bens duráveis" é como sempre acreditei. Que sentido faz PIB - Produto interno bruto de um país se o bem produzido logo é descartado? Criar riqueza é criar produtos que durem o máximo possível. Jogar um produto fora é um desrespeito com o trabalho de quem o produziu. É também deixar de estender suas benesses a quem pudesse adquirí-lo usado. Mas a sociedade se encaminhou na produção em série e vive na dualidade preço/qualidade. Seria necessária uma consciência dos consumidores para só adquirirem produtos realmente duráveis, não poluentes, ...
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