A maior parte de nós nasceu, cresceu e vive mergulhado no capitalismo. (A maior parte, pois podem existir aqueles que passaram pelos horrores vindos do outro lado da antiga “cortina de ferro”.) E, por isso, o capitalismo é tido por muitos, tão natural quanto “respirar ar”. É assim que funciona! E de outro (comunismo) não funciona! Os que lançaram seus olhos na história sabem que o capitalismo tem quase que um registro de nascimento e nem tão absurdamente longínquo assim. Poderíamos colocar a “revolução francesa” concomitante com a “revolução industrial”, como sendo seu signo astrológico.
Não muito longe dessa época, ganham espaço as idéias evolucionistas de Darwin e suas mais diferentes, inusitadas e quiméricas leituras. Surge nesse molho filosófico a competitividade no capitalismo, com força evolucionista. É mais “adaptado” aquele que é mais competitivo e somente este sobrevive. Uma profunda crise econômica assolava a Europa em fins do sec. XIX. Havia mercado para a venda dos produtos fabricados, mas uma horda de pobres europeus de diversas nacionalidades não tinha dinheiro para comprar nada. Essa legião de des-endinheirados migra, então, para o nosso querido Brasil. Foram alemães, italianos, espanhóis, portugueses. (bem digam a maioria de nossos antepassados. Os meus eram alemães misturados com franceses mais portugueses e índios canibais de Ubatuba. Que salada!). Junto desses vieram também muitas empresas dessas mesmas regiões. Krupp, Manesmann, Siemens, Saint Gobain, entre tantas outras. Esses imigrantes vieram para fugir da pobreza européia da época e de sua falta de oportunidade. Fugir da fome e da morte e isso tudo antes das duas grandes guerras mundiais.
Entrelaçando rápida e temerariamente os assuntos, o fato é que hoje, nosso imigrante mais conhecido, o capitalismo, se arraigou de tal modo nas nossas consciências que salvo uma abnegada disposição para mudar muita coisa, somente uma lobotomia daria cabo de retirar e com ele seus alicerces. De modo que é preciso um modo de ver a vida bastante diferente para abrir mão da competitividade e adotar uma postura fraternalista.
Sem querer entrar no mérito dos antagônicos pensamentos de Hobbes e Russeau, creio que temos um contrato social que prega que o mais competitivo sobrevive e passamos muitas de nossas reuniões tentando sobreviver, quando não em eliminar o oponente que nos oferece risco. Contudo, eu pergunto: Trata-se realmente de sobrevivência ou somente é um apelo proveniente de um sulco cultural que foi se aprofundando no decorrer dos anos e que se entranhou como parasita em meio aos nossos mais primitivos instintos irracionais?
Na competição capitalista pressupostamente existem vencedores e perdedores. O perdedor “morre” então é coisa de sobrevivência.
Jadir Mauro Galvão
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