quarta-feira, 5 de outubro de 2011

O Homem: Potencialidade e efetividade.


A partir do momento em que o “ser humano civilizado” travou contato com as ditas comunidades “primitivas” que viviam sem roupas, comiam carne crua e muitas até carne humana, surgiu a dúvida: o que distingue o homem do animal? Esses povos primitivos tinham determinados comportamentos tidos como animalescos, contudo, outros eram bastante humanos. Ao nos depararmos com esse dilema sobre o que define o homem, muitos lançaram suas hipóteses. Uns naufragaram na nau da mesmice outros naufragaram na nau da soberba.
Fato é que após Darwim a nocão de homem ficou em suspenso – sem culpa nenhuma do próprio Darwin – e temos somente pequenos ensaios.
Arrisco-me agora a propor um critério: agentileza indistinta! O Mundo contemporâneo nos instiga a competitividade, mas para que? O mesmo mundo contemporâneo se envaidece de sua praticidade. Tudo tem um propósito, é prático, mas qual é o objetivo da competitividade? Que se coloquem inúmeras teorias para responder essa pergunta o que mais salta a vista é o lado prático da competitividade. Na pratica competitividade gera um ganhador e uma horda de aborrecidos prontos a conspirar contra o ganhador somente para que este não ganhe novamente. Caso o conluio seja bem sucedido, teremos os primeiros derrotados novamente se acotovelando para ocupar a vacância do primeiro lugar. Ai o círculo se fecha e o embate volta ao seu inicio: um vitorioso e um monte de derrotados. Atitude típica de animais para ver quem será o “macho alfa”. Aquele que ficará com as fêmeas (ou machos) do grupo; que ficará com a maior fatia do alimento ($) deixando o “resto” aos derrotados.
Existe, contudo uma potencialidade dentro do ser humano: a gentileza! Todavia, conhecemos muito pouco dessa potencialidade. Traduzimos gentileza em ceder o lugar; ou em expressões do tipo “obrigado”; “por favor”; mas isso são apenas pequenas pistas do que realmente é gentileza. Em tempos de vacas gordas todos são amigos. Choppinho no bar da moda; disputa para ver que saca mais rápido o cartão de crédito para fazer bonito… O problema surge quando as vacas estão caminhando ordeiramente para o mais profundo brejo! Não há saída! Precisamos salvar nossa pele! É nesse momento que o “animal” aparece!

Falando francamente: quantas vezes você realmente teve que salvar sua pele (realmente e não metaforicamente)? Ocorre quase sempre uma pequena confusão entre a realidade e a metáfora. Agimos como se estivéssemos salvando nossa própria pele – coisa de vida ou morte -, quando ela realmente não está em risco! Apenas nossos medos trouxeram à tona uma animalidade irracional e que nos fez agir de modo estúpido. Sim estúpido, pois se nossa ação tivesse algum tipo de respaldo do instinto que nos obriga a agir imediatamente frente a um perigo real estaríamos por ele respaldados. Contudo, foi somente uma resposta impensada e irrefletida: estúpida!
Confine um bom tanto de pessoas em um dos nossos famosos “Big brother’s” e veremos vários gestos puramente animais. Todos querendo salvar a própria pele! (R$1.500.000,00).
Gentileza é enxergar através de toda essa animalidade. É ver que por traz dessas atitudes ferozes e selvagens existem seres humanos! Gentileza é ter a nítida compreensão de que não há nenhum risco de morte eminente e que podemos escolher se vamos nos portar como animais ou como seres humanos. A gentileza é uma potencialidade, mas ela fica em segundo plano, pois a visão que vulgarmente temos do mundo é a da competitividade. O mundo se apresenta sempre como um sinal de perigo. O que precisamos afastar é essa visão distorcida do mundo e vê-lo como realmente ele é. Salvo raríssimas exceções o ser humano comum nunca enfrentou um único perigo de vida e morte em toda sua vida que justifique uma atitude com tal grau de animalidade diária.
Torna-se agora uma questão de escolha.
Veja o mundo como ele realmente é e não através do espesso filtro dos seus próprios medos.
 E a gentileza poderá transformar-se em efetividade, mais do que somente um recurso humano armazenado em nossas poeirentas prateleiras de potencialidades genuinamente humanas

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Acensibilidade!


Não, não esta escrito errado! Esse foi somente um truque, um meio que encontrei para chamar a atenção para alguns fatores que considero bastante importantes: acessibilidade e sensibilidade em primeiro plano e especialidade em segundo.
O conhecimento em nosso tempo é caracteristicamente fragmentado. Temos, cada dia mais, especialistas em determinados campos bastante específicos. Especialista em torção de porcas de rosca torta de 8/34 de polegada com rosqueadeira de mira a laser com lente de aumento de 24x angulada. Brincadeirinha! O fato é que nosso conhecimento está tanto mais específico quanto fragmentado. Perdemos a articulação, a vinculação de um conhecimento com outro. Cada um cuida de sua própria especialidade e em alguns casos o “todo” não se encaixa.

Na São Paulo de épocas natalinas vemos nos letreiros de vários ônibus a inscrição “Boas Festas!” se alternando com o letreiro que oferece o destino final e seu número de código. Lampadinhas pontilhadas se entrelaçando umas nas outras que vistas de longe e em movimento transformam-se e verdadeiros borrões ilegíveis. Os míopes ocasionais – aqueles que precisam de óculos, mas resistem em usá-lo em público -, apertam seus olhos para tentar em vão ler o letreiro e quando danado chega ao limiar da distância, onde restariam alguns milésimos de segundo para ler o letreiro e saber qual o destino do coletivo para darmos o sinal de parada lemos: “Boas festas!”. Certamente essa não é a expectativa, tampouco o destino do usuário. Alguma boa alma, quiçá tendo lido sobre marketing institucional teve a brilhante idéia do letreiro, mas não teve a sensibilidade de se colocar no lugar do passageiro e se dar conta da dificuldade que a luminosa idéia poderia provocar.

Contudo, digamos que o míope leitor tenha tido a sorte de flagrar o que realmente queria e seja realmente esse destino que lhe interessa. Dá o sinal, o ônibus pára e sendo ele um cidadão típico, de estatura mediana, terá certamente - mesmo gozando de plena saúde física -, severas dificuldades de adentrar ao coletivo. Isso porque a altura do degrau é, em geral, bastante bem elevada. Não obstante, tendo efetuado o hercúleo esforço de escalar os degraus, ao se desgarrar por um breve instante das barras de segurança apenas para acessar o bolso e pegar seu bilhete para o pagamento da passagem, entra novamente em apuros, pois, o motorista que seria aprovado com louvor na prova para transporte de fardos de feno, arrancou com seu veículo projetando o incauto passageiro na direção da roleta.

As autoridades buscam minimizar as dificuldades de acessibilidade criando secretarias especiais. O produto do trabalho especializado, ao menos em Sampa salta os olhos. O transporte coletivo dispõe de assentos reservados a idosos, gestantes, e portadores de necessidades especiais. Já existem vagas de estacionamento prioritárias. A cada esquina de ruas movimentadas vemos pisos tácteis em socorro aos deficientes visuais, guias rebaixadas permitindo autonomia aos cadeirantes, mas como disse antes o todo não se encaixa. As dificuldades que relatei no início não incidem sobre a parcela da população com necessidades especiais, mas sobre todo o restante com necessidades comuns. Não temos apenas um problema de acessibilidade, mas de sensibilidade. Se as demais secretarias deixam ao encargo das secretarias especializadas o problema de acessibilidade elas mesmas se desoneram da preocupação. Com isso vemos pelos diversos corredores de ônibus espalhados pela capital, enormes plataformas elevadas sem nenhuma utilização e que se transformaram desnecessariamente em obstáculos adicionais aos transeuntes. 

Que exista a necessidade de especialistas em acessibilidade, mas precisamos todos ter a sensibilidade e retomar para si a preocupação com o outro. Não se trata de consultar a secretaria especializada, mas de nos imbuirmos todos da sensibilidade da consideração. Não há que se criar todo um projeto para posteriormente efetuar as adequações de acessibilidade, mas permitir que a sensibilidade permeie o projeto de cima a baixo do inicio ao fim. Também não se trata de criar leis ou normas que devem ser seguidas à risca. Tampouco se trata de um ônus exclusivo das autoridades, mas de experimentarmos sentir na própria pele a dor do outro. Temos o costume de dizer: - Eu fiz minha parte! Acreditando que se cada um fizer sua parte uma se encaixa na outra e assim constituímos um todo. Mas não se tratam de partes, mas sim de visões parciais e limitadas do todo. Visões parciais sem necessariamente limites restritos ou isolados. Nesse caso a “minha parte” invade, se mescla, se confunde, impacta a parte do outro, tanto quanto a parte do outro afeta a minha. Minha parte não se dá por concluída sem a parte do outro. Se a sensibilidade não atravessar a ambos as partes não vão se encaixar no final. Teremos com isso obras monstruosas apenas fruto de encaixes mal feitos. 

sábado, 25 de junho de 2011

Apartheid social

Tempos idos o Gov. Mario Covas criou o "Legal" era um tipo de dinheiro que voce comprava e dava de esmola na rua para os pedintes. Com esse Legal o pedinte podia ir a um local de assistência social, tomar banho, tomar uma refeição, dormir e ir embora quando bem entender. Hoje, pelo que eu saiba, esse programa não existe mais. O dinheiro pago pelo legal era totalmente destinado a instituições assistenciais. Desde então deixei de dar esmolas na rua. Meses atrás viajando de carro com um amigo parei na estrada em um restaurante conhecido para comprar queijo fresco. Lá encontrei uma senhora, com uma criança pela mão, cerca de 10 anos e um bebe no colo. Não demonstrava estar perambulando errante pelas ruas. Dirigindo-se a mim em tom bastante peculiar, quase me intimou a pagar-lhes uma refeição. Não se tratava de um pedido, apelo, súplica de algum necessitado. Soava como uma intimação. Observei o cenário e pronunciei um suave, gentil, porém irretorquível Não! Segundos depois, esse amigo, bastante religioso, caridoso, consternado me argüiu sobre meu gesto, tanto pela negativa, quanto pela serenidade. Expliquei à ele que a atitude da senhora foi por demais corriqueira. Demonstrava ter bastante experiência nesses assuntos, de modo que parecia habituada a ter sucesso em suas abordagens. Todavia, essa atitude poderia ter a capacidade de transformar-se em aprendizagem para as crianças. Uma vez coberta de êxito, poderia traduzir-se em conduta socialmente aceita, tanto quanto atitude bem sucedida e, com isso, produzir mais duas mendicantes habituais, senão, profissionais.
Em prol da erradicação dessas diferenças sociais eu faço, caridosamente, aquilo faço melhor, pensar, e fazer pensar. Escrever, debater, falar o quanto mais e para o maior número de pessoas puder alcançar. Por isso mantenho o blog: http://fraternalismo.blogspot.com/, onde busco debater essas questões por diversos ângulos. Todavia, hoje eu gostaria de indicar uma dessas instituições quando abordado por alguém que necessite, mas confesso não sei onde elas estão. Alguém conhece alguma relação dessas instituições? Tanto para auxiliar quanto para indicar aos que dela necessitem? Esse seria um maravilhoso serviço prestado por todos.
Caso consiga uma relação dessas instituições, me comprometo a criar e manter uma página no Facebook para divulga-las. Não creio que seja o Estado o único responsável por cuidar dos que não conseguiram prosperar dentro do competitivo mundo capitalista. Cada gesto fraternal pode ser bem vindo, mas algo que vise a erradicação desse apartheid social e não um gesto que retroalimente ou mesmo fomente a mendicância.  

quinta-feira, 17 de março de 2011

O Sonho! Resposta à um leitor!

Um leitor do blog mandou-me um e-mail com o seguinte teor:


Olá Jadir,
desculpe, mas li seu blog e tomei a liberdade de escrever para o senhor. Meu nome é Ludwig Teixeira, tenho 27 anos e sou filósofo. Faço doutorado na Universidade [...] Porém, fato é que estou em uma encruzilhada, pois, não aguento mais passar trabalho e me sentir menor que muitos outros a custo de meu amor pela disciplina. Passo muito tempo estudando assuntos altamente abstratos para ter um retorno, a nível de qualidade de vida, muito pequeno. Nessa última semana estive pensando em jogar tudo para o alto e fazer um famoso 'concurso público'. Pensei: Veja só o que tenho estudado... teoria dos conjuntos, lógica de primeira ordem, filosofia da física quântica... se eu estudar para um concurso certamente encontrarei menor dificuldade e vou passar".
Mas é muito triste jogar um sonho fora e, o que é pior, oito anos de sua vida fora. Assim, encarecidamente, peço-lhe algum conselho quanto a estratégia de vida profissional. O que faria você no meu lugar?

Espero que o senhor tenha tempo para responder.

Att

Ludwig

(Claro que o nome dele não é Ludwig e a postagem foi autorizada por ele) 

Minha resposta:

Oi Ludwig,
Recomendo ambos. Por nada menos do que voce me perguntou. Os blogs são frutos de sonho. Não dão resultado prático algum. Mas em ambos tenho visitas recorrentes de vários pontos do Brasil e de muitos outros pontos do mundo inteiro.
Nos vivemos em uma sociedade que preconiza o sucesso e não percebe que sucesso é somente repetição do passado sem novidade. Ja ouvi dizerem que as empresas estão preferindo profissionais criativos. Os meus 33 anos trabalhando em empresas me dizem que isso em geral é balela. As empresas querem profissionais que usem a criatividade para resolver problemas antigos e recorrentes. Usem a criatividade para termos maior lucratividade e redução de custos. Estão pouco se lixando para a criatividade mesmo.

As faculdades, pelo que sei querem professores que se dediquem e que nenhum aluno se queixe de suas aulas, notas, e provas.

Não é bem por ai também.

Temos duas vias claras a escolher e uma obscura: a primeira é prática. estudar o que querem que voce estude e fazer o que te mandam e ganhar o que te pagam e ficar de boca fechada. Claro, isso não te dá barato. Voce acaba por viver a vida dos outros.

A segunda é o concurso público. Não sou totalmente contra essa alternativa, embora ao longo da minha vida tenha sentido enorme repulsa, hoje ja vejo com outros olhos, mas o mais importante que eu tenho a te dizer é que voce foi “fisgado pelo sistema”. Voce se queixou da qualidade de vida e esta buscando alternativas dentro do jogo para fugir do que ele tem de ruim. Concurso público, visto desse modo, é mero esconderijo.

Essas duas coisas voce deixou claro, mas embora tenha falado com pesar de abandonar o sonho não deixou claro que sonho era?!?.

Esse é o caminho obscuro. Perseguir seu sonho pode não te trazer sucesso, tampouco dinheiro, Muito menos o reconhecimento será certo, mas se voce mata seu sonho voce morre junto com ele. Transforma-se nisso que voce vem execrando. Voce se transforma em competitivo e vive o sonho dos outros.

Podemos ser competitivos durante vários anos de nossa vida. A juventude nos confere garra disposição, força de trabalho. Voce ganha, dinheiro, sucesso reconhecimento, fica por cima. Quando os anos chegam voce percebe duas coisas: que não é mais tão competitivo e te resta a trapaça para ganhar (uma quantidade enorme de pessoas usam esse método), e que abandonou a única coisa que valia o esforço para competir: o sonho!

Eu trabalhei 33 anos dentro de grandes empresas. Tive sucesso, ganhei dinheiro, e deixei tudo isso por um sonho. Fui fazer graduação em filosofia aos 43 anos. Estou terminando o mestrado agora com 48. Certamente vou para o doutorado, mas embora tenha sido seduzido a estudar inúmeros outros autores. Fiz questão de abordar em minha dissertação algo que pudesse mudar o mundo, algo que me dá profundo gosto de estudar.

Sei que vou ter muito trabalho pela frente mas como estou em "começo de carreira"  tenho bastante garra para levar todas as pancadas que sei que vou tomar.

O blog do fraternalismo é um tiro no meu próprio pé. Sei que se meu nome ficar ligado a esses pensamentos não arrumo trabalho em lugar algum. É o preço a pagar por meus sonhos.

Crescemos todo o tempo vendo todos ao nosso redor fazendo de tudo para vencer, para ficar bem, ter bem estar e acreditamos que a vida é isso.
Quando acontece um desastre, uma doença, um desemprego somos levados a acreditar que foi azar ou incompetência nossa.

Errado. A vida é assim, é dura! Mas ela só é assim pois a dureza é nosso melhor professor. Temos a escolha de nos deixar endurecidos ou não. Se nossos sonhos esmorecem ante a dureza eram apenas sonhos, brincadeiras. Se nos cobrem de raiva, de força, mas também de esperança então o sonho te abençoa com a realização, pode não te trazer dinheiro, fama ou sucesso, mas vai dar profundo sentido para a sua vida.

Pelo pouco tempo que tenho dentro do campo da filosofia. Vejo alguns tipos de filósofos. Os práticos. Que têm na filosofia seu ganha pão e só isso. Ganhem bem ou não. Os Desiludidos (esses são os piores) tipo os ressentidos de Nietzsche. Estufam o peito e se dizem ateus convictos, mas apenas por saberem que estavam na "caverna" e viram que tudo não passava de uma farsa. Voltam para a caverna e cospem por todos os lados. Desdenhando de tudo e de todos tapam a porta da caverrna para que ninguém saiba onde é a saida.  

E os como eu que vêem na filosofia um instrumento profundo de mudanças. Que as mudanças que os filosofos promoveram no mundo tenham em geral ocorrido sempre após sua morte é desalentador, mas eu tenho a sorte de ter em mãos também a Programação neurolinguistica que é uma ferramenta bastante prática de mudança.

Minha tarefa é bastante cruel e certamente não espero reconhecimento, pelo contrário, acho até estranho ter tantos amigos e poucos desafetos. Eu sou aquele cara que vai apontar as coisas erradas, que vai revelar as hipocrisias. Que vai mostrar a meia furada,  o terno rasgado. A etiqueta chinesa da gravata de sêda.

Mas meu trabalho não é so mostrar o erro, mas apontar a direção.

Pode ser desalentador olhar ao redor e ver uma profunda crueldade, mas essa crueldade é fruto da ação de pessoas que mataram seus sonhos e por isso mesmo já morreram.

Meu trabalho é ressucitar pessoas através da ressureição de seus próprios sonhos.

Desculpe, se voce queria de mim uma dica ou um truque sobre como vencer na vida e ter uma carreira de sucesso, deve estar profundamente frustrado.

Mas eu fiz meu trabaho. Se um dia em sua vida seu sonho falar baixinho dentro de seu peito amargurado. Voce não vai poder alegar que não sabia que estava matando seu sonho.

O sonho faz voce viver apaxonado.

Já tive sua idade e hoje tenho quase o dobro dela, se uma virtude eu tenho foi a de não me deixar sufocar meu sonho.

Passo nesse momento por dificuldades extremas, mas não abro mão de amar, e de estar profundamente apaixonado pela vida.

Por favor

gostaria de seus comentários tanto por e-mail quanto no blog.

Grande abraço.

Jadir

quinta-feira, 10 de março de 2011

Reciclagem!

O tema “reciclagem” tem sido alvo de louváveis iniciativas nos últimos tempos, mas ainda que louváveis muitas dessas iniciativas têm por trás uma motivação muito menos fruto uma consciência verde do que uma clara oportunidade lucrativa. Reciclagem tornou-se um investimento lucrativo, Mas se fossem realmente iniciativas verdes, apregoariam, antes, os outros “R’s”. É louvável que alguém tenha a consciência de reservar sua garrafinha de água, para descartar apenas no cesto apropriado para reciclagem. Contudo, essa mesma garrafinha, pode antes ser “Reusada”, Isto é usada novamente. Temos, saindo de nossos filtros e bebedouros, água de ótima qualidade que poderia ser envasada nessa mesma garrafinha e ainda teria a capacidade de reduzir a quantidade de copos descartáveis. Sabemos que o plástico leva mais de cem anos para se decompor no ambiente. Não estamos pedindo que você reuse por todo esse tempo, mas quantas garrafinhas e copos descartáveis seriam poupados se reusarmos nossas garrafinhas por um mês?

Por conta de redução de custos já se fala em água de reuso, mas muito do que está a nossa volta pode ser reusado, isto é, usar novamente para o mesmo fim. Por outro lado existe outro “R”que também deveria vir antes da reciclagem: Reutilização. Utilizar para outra finalidade.

Da próxima ocasião em que a loja de conserto de qualquer coisa disser pra você que o reparo vai ficar quase o preço de um aparelho novo. Conserte! Menos lixo precisará ser reciclado.  Você pode também usar aquele velho radinho de pilhas como “peso de papel” dentro de alguns anos ele valerá uma pequena fortuna.
Pense realmente e use sua imaginação. Antes de reciclar, será que posso reusar? Será que posso reutilizar? Só depois recicle.

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Demandas reprimidas!

As bases fundamentais do fraternalismo giram em torno do binômio contribuir-usufruir em contraposição à sua antítese capitalista produção-consumo. Enquanto neste segundo o eixo central é o capital ou a propriedade do capital, no segundo o eixo que os une é a fraternidade. Dentre os valores norteadores do fraternalismo a gentileza e a elegância nos garantem que não é preciso nenhuma animosidade com quaisquer dos sistemas vigentes. Em que pese isto, não é menos verdadeiro que é necessário ressaltar as diferenças fundamentais. Enquanto no capitalismo existe um fomento exacerbado ao consumo, pois quanto mais houver consumo, mais haverá produção e o eixo do capital girará com maior velocidade. No fraternalismo é preciso para fazer a girar seu eixo a contribuição fraternal. Quanto mais contribuirmos com o nosso melhor de modo fraternal, mais acrescentaremos à nossas possibilidades de usufruto. Mais teremos fartura, mas é importante atender a uma das poucas objeções que foram feitas até então à idéia de fraternalismo.

Na idéia do fraternalismo existe a abolição do intermédio do dinheiro entre o contribuir e o usufruir, isto é, se em determinado momento alguém queira usufruir de um determinado produto este pode se dirigir à rede de distribuição e simplesmente tomar para seu uso o produto de seu interesse sem nenhuma contrapartida monetária ou de qualquer outro tipo. Tampouco se fará paridade entre a quantidade ou qualidade da contribuição efetuada por essa pessoa. Todavia, imaginemos que muitas pessoas queiram ao mesmo tempo fazer uso de um bom vinho. Dezenas de pessoas se dirigindo à rede de distribuição e querendo tomar para seu uso aquele vinho. Em certo momento pode haver desabastecimento e carência do produto. Mas, note-se que este é um problema que nasce no capitalismo e não no fraternalismo. Nasce de se olhar a partir do viés capitalista, onde grande parte da população está tolhida do consumo desse produto em sua rotina diária, não por nada senão pela falta do capital suficiente para adquiri-lo. Com as políticas assistencialistas oferecidas nos últimos tempos a população mais humilde, deserdada que fora por tanto tempo, se viu em condições de adquirir produtos até então vedados ao seu acesso. Aeroportos apinhados de gente nos períodos de férias gerando tumulto e desconforto. Para quem já estava habituado a voar de avião isso era um transtorno. Já para quem fazia uso pela primeira vez tudo é festa, e, diga-se de passagem, o tratamento não é diferente do que a maioria tem em geral em rodoviárias. A dificuldade se dá por existir uma demanda reprimida ou até oprimida. Ora, não havendo necessidade de se reprimir quaisquer demandas, tampouco se fazendo incentivo exagerado e desnecessário ao consumo. Pressupostamente, a idéia original do capitalismo de regulação de produção e consumo tenderia a se equilibrar mais em torno da contribuição e fruição e, com isso, desfazendo desequilíbrios.

Mas para que a coisa não fique apenas no pressuposto. Consideremos a hipótese do desabastecimento de produtos. Para uma grande parcela da população habituada ao consumo de arroz, feijão e farinha o acréscimo de uns bons pedaços de picanha, salmão, vitela, cabrito e caviar, tanto quanto de bons vinhos e wiskies seriam bastante bem vindos. Todavia, não é de se acreditar que toda essa população faria uso cotidiano desses produtos por anos a fio. Salvo poucas exceções ninguém toma wiskie 12 anos no café da manhã. Quando se tem fartura e acesso o consumo se dá de modo muito mais comedido. Os exageros, em geral ficam sempre por conta de demandas reprimidas. Ademais esse problema existiria somente se a implantação do fraternalismo se desse de modo vertical ou seja por imposição e não por adesão como é nosso entendimento.       


Jadir Mauro Galvão

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Tempo é Dinheiro!

Considerando os fundamentos e as bases do capitalismo e buscando contrastar seus eixos de sustentação, tanto quanto como ele se distingue de seus falecidos opositores, a saber: comunismo e socialismo, poderíamos ingenuamente acreditar que um dos elementos distintivos seria a “propriedade dos meios de produção”. Enquanto no capitalismo a propriedade dos meios de produção é privada, no socialismo ela é do estado e no comunismo a propriedade é “comum”. Ocorre que o eixo central do capitalismo foi-se deslocando ao longo do tempo. Na medida em que se deu um natural equilíbrio entre produção e consumo, claro que mediado pelo dinheiro, isto é, na medida em que havia uma redução do consumo regulado pela oferta de dinheiro. A produção já não proporcionava ganho competitivo aos seus proprietários. Era preciso dar um passo a mais. Não adiantaria produzir mais, pois isso acarretaria uma natural queda de valor pela maior oferta em relação à procura. Por um tempo se trabalhou no sentido de reter a produção com vistas a aumentar o valor de mercado, mas isso provocou apenas recessão e não se mostrou como uma alternativa interessante. Foi ai, então descoberta a variável do consumo. Como conhecer o consumo de modo à regular, isto é, aumentar e reduzir, ter controle sobre ele? Ciência da computação, estatísticas entre outras foram talhadas para obter esse conhecimento sobre consumo de tal modo a ter controle sobre o mesmo. Grandes empresas realizam pesquisas antes do lançamento de novos produtos e por ai vai. A partir disso nasceram os fast-foods o descartável e tudo mais. A propaganda é um excelente órgão regulador. Ela tem a capacidade de trabalhar nosso desejo de modo a atingir determinada meta de consumo. Os profissionais de propaganda ainda desconhecem seu poder e anda trabalham muito em função da produção e do comercio. Tivessem eles a real dimensão de sua atuação e seriam os novos proprietários do capitalismo, mas de qualquer modo isso retirou a primazia dos proprietários da produção. Na medida em que a propaganda não ocupou esse espaço promoveu uma vacância temporária. Os senhores da produção perderam seu reinado, seus sucessores naturais não se sentiram dignos de sucedê-los. Quem assume a majestade então?
Entre a produção e o consumo não há mais uma regulação natural. Ela pode ser controlada e manipulada. Todavia, existe outro elemento regulador. O dinheiro! De nada adianta aumentar o desejo de consumo pari passo com o aumento da produção se não existe dinheiro para mediar as duas pontas. Estabelecem-se assim os novos monarcas: os proprietários do dinheiro. A partir de então serão eles os reguladores, tanto da produção quanto do consumo. Os proprietários da produção precisarão recorrer a eles para aumentar sua produção. Na outra ponta, a falta de dinheiro não será mais empecilho para o consumo. Ao consumidor serão ofertados os meios para saciar temporariamente seu desejo de consumo.
Na medida em que emprestam dinheiro para a produção tornam-se co-proprietários dela. Se o proprietário da produção não puder pagar o empréstimo, sempre poderá abrir mão do negócio como meio de não cair na execração da inadimplência. O mesmo ocorre com a outra ponta se o consumidor não puder saldar sua promessa será obrigado a ficar fora do jogo do consumo, ou, quando muito, será obrigado a lançar mão dos recursos disponíveis no presente não sendo ele mais senhor de seu futuro, totalmente comprometido com seus novos proprietários. Financiar nossas aquisições em 36, 48 ou mais vezes é vender a propriedade do nosso futuro. Em momento algum da história o termo “tempo é dinheiro” foi mais verdadeiro.

Jadir Mauro Galvão

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Avanço tecnológico X filosofia!

A competitividade no mundo corporativo movimenta uma grande quantidade de recursos, sobretudo os que se alinham ao desenvolvimento tecnológico. O ganho de produtividade, a redução de custos, de mão de obra, mecanização, automação... Isso, sem a menor sombra de dúvida é bastante benéfico sob inúmeros aspectos. Todavia, devemos ter em mente que os avanços tecnológicos devem trazer benefícios, não só a uma pequena parcela de privilegiados, mas sim para toda a humanidade. Pode parecer um tanto piegas a princípio, mas vamos analisar as conseqüências disso.

Hoje nos temos alguns setores em franco crescimento tecnológico. Quem negará que a informática cresce espantosamente? Eu, de minha parte ainda creio que a informática está sobremodo atrasada. Seria exagero dizer que está na idade da pedra, mas ela ainda anda meio “egípcia” e não estou falando de nenhuma revolta popular muçulmana. São famosos os afrescos egípcios “bidimensionais” uma mãozinha pra cima outra pra baixo. (conseguem visualizar?). Poderíamos dizer que na época os que produziram os afrescos não dominavam as técnicas da “perspectiva”. Eu, honestamente, creio que eles tinham mesmo um modo de pensar, de ver as coisas e de se expressar de modo bidimensional. É exatamente esse ponto que eu quero tocar. Embora nossos desenhistas e pintores já dominem a “perspectiva” que nos coloca dentro da tridimensionalidade. Nós ainda pensamos, vemos as coisas e nos expressamos de modo bidimensional. Na informática isso não é diferente. Os modernos monitores de cristal líquido (que já existiam em calculadoras desde a década de 80 ao menos) e similares substituíram os antigos e enormes monitores de raios catódicos. Mas nossa interação com o computador ainda é plana! Mas não é somente na parte externa que o computador é plano. Os mais modernos bancos de dados ainda trabalham com armazenamentos em tabelas com linhas e colunas, ou seja, são conceitualmente planas. Mas isso não é somente uma crítica à área de TI. Ela é assim simplesmente pelo fato de que nós ainda pensamos assim. A tecnologia avança sobre as bases conceituais. Se conceitualmente pensamos desse modo solicitamos respostas tecnológicas alinhadas aos conceitos. Precisamos evoluir primeiro no nosso modo de pensar (no mínimo de modo tridimensional), para que a tecnologia nos de outro tipo de resposta. Na medida em que nossa solicitação for conceitualmente outra, a resposta tecnológica também o será.

Outro ponto que podemos colocar é: quantas pessoas ao redor do mundo estão pensando na solução para o trânsito nas grandes metrópoles? Centenas...milhares...milhões? Já pensaram em túneis, pontes, viadutos, aliás as técnicas de engenharia para a construção de viadutos “estaiados” vem se multiplicando em várias regiões de São Paulo criando mais e mais cartões postais. E ainda não pensaram em pequenos veículos aéreos! Ou melhor, podem até ter pensado, mas para adequar todas as linhas de produção de veículos terrestre para esse novo modelo, certamente se gastariam bilhões, então ficamos como está.

Não quero me estender muito nesse assunto, mas cabe ainda mais um comentário. Li, dia desses em um jornal, que o aproveitamento da energia eólica (dos ventos) necessitaria de grandes investimentos! Pasmem! Certamente não sou especialista no assunto, até gostaria que alguém me explicasse, mas dizer que umas tantas hélices e seus geradores e transformadores custariam mais do que os investimentos em Belo Monte sem contar com seus impactos ambientais?

Só para fechar. O que estou dizendo é que se os avanços tecnológicos ficarem somente à mercê do capital e não em benefício da humanidade como um todo, ao contrário do que se pensa, ficaremos mais atrasados.

Jadir Mauro Galvão 
02/02/2010

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Ganho competitivo.

A maior parte de nós nasceu, cresceu e vive mergulhado no capitalismo. (A maior parte, pois podem existir aqueles que passaram pelos horrores vindos do outro lado da antiga “cortina de ferro”.) E, por isso, o capitalismo é tido por muitos, tão natural quanto “respirar ar”. É assim que funciona! E de outro (comunismo) não funciona! Os que lançaram seus olhos na história sabem que o capitalismo tem quase que um registro de nascimento e nem tão absurdamente longínquo assim. Poderíamos colocar a “revolução francesa” concomitante com a “revolução industrial”, como sendo seu signo astrológico.


Não muito longe dessa época, ganham espaço as idéias evolucionistas de Darwin e suas mais diferentes, inusitadas e quiméricas leituras. Surge nesse molho filosófico a competitividade no capitalismo, com força evolucionista. É mais “adaptado” aquele que é mais competitivo e somente este sobrevive. Uma profunda crise econômica assolava a Europa em fins do sec. XIX. Havia mercado para a venda dos produtos fabricados, mas uma horda de pobres europeus de diversas nacionalidades não tinha dinheiro para comprar nada. Essa legião de des-endinheirados migra, então, para o nosso querido Brasil. Foram alemães, italianos, espanhóis, portugueses. (bem digam a maioria de nossos antepassados. Os meus eram alemães misturados com franceses mais portugueses e índios canibais de Ubatuba. Que salada!). Junto desses vieram também muitas empresas dessas mesmas regiões. Krupp, Manesmann, Siemens, Saint Gobain, entre tantas outras. Esses imigrantes vieram para fugir da pobreza européia da época e de sua falta de oportunidade. Fugir da fome e da morte e isso tudo antes das duas grandes guerras mundiais.   

Entrelaçando rápida e temerariamente os assuntos, o fato é que hoje, nosso imigrante mais conhecido, o capitalismo, se arraigou de tal modo nas nossas consciências que salvo uma abnegada disposição para mudar muita coisa, somente uma lobotomia daria cabo de retirar e com ele seus alicerces. De modo que é preciso um modo de ver a vida bastante diferente para abrir mão da competitividade e adotar uma postura fraternalista.

Sem querer entrar no mérito dos antagônicos pensamentos de Hobbes e Russeau, creio que temos um contrato social que prega que o mais competitivo sobrevive e passamos muitas de nossas reuniões tentando sobreviver, quando não em eliminar o oponente que nos oferece risco. Contudo, eu pergunto: Trata-se realmente de sobrevivência ou somente é um apelo proveniente de um sulco cultural que foi se aprofundando no decorrer dos anos e que se entranhou como parasita em meio aos nossos mais primitivos instintos irracionais?

Na competição capitalista pressupostamente existem vencedores e perdedores. O perdedor “morre” então é coisa de sobrevivência.

O fraternalismo pressupõe outra dinâmica social. Contribuir e usufruir! Contribuímos com aquilo que nos é mais fácil, mais prazeroso, sobretudo com aquilo que temos mais competência e prazer. Usufruímos daquilo que necessitamos. Em épocas de vacas gordas, podemos nos esparramar na fartura. Em época de vacas magras precisaremos contribuir mais, Mas estaremos contribuindo com aquilo que nos é mais fácil e mais prazeroso. 


Jadir Mauro Galvão